FNV diz aqui ter cumprido uma promessa na revista Ler deste mês; a de escrever sobre sexo sem guinchos nos currais, nem leite de mamas, e essas imagens pictóricas afins que parecem povoar a recente produção literária portuguesa, com a qual (excepção feita dos romances de Miguel Sousa Tavares) não estou familiarizada. Tomo, como é óbvio, por boas as suas palavras com que outros concordam. É um acto corajoso, pois põe a fasquia elevada, e espero que seja bem sucedido - ainda não vi a revista, muito menos a comprei e li. O meu alheamento da recente produção nacional de romances parece ter-me privado de momentos lúdicos que apelam de forma tentadora aos vários sentidos. Já não é mau quando pensamos nas cenas que nos são servidas nos filmes em geral, sobretudo produção americana, como cenas de sexo e que vemos com algum tédio de tal forma insistem nos mesmos estereótipos tornando-se de uma previsibilidade infinitamente superior à da mecânica de um Swatch o que deveria ser mais do mistério da Patek Phillipe. Ninguém parece incomodar-se com isso, não há manifestos a favor de uma melhoria das cenas de sexo, bem pelo contrário, o público parece estar satisfeito e quando se aumenta a exposição anatómica, aumenta-se a idade recomendada para ver o filme ou arrisca-se a uma classificação X. Essas são as variantes em jogo, as if... Quando se vê um filme com belas e realistas cenas de sexo como, por exemplo, Lust, Caution de Ang Lee, que comentei aqui, é com espanto que se constata que passou despercebido e não mereceu nenhum tipo de aplauso; porque era um bom filme que ousou filmar sexo sem medos e com outra coreografia, imprevisibilidade e ousadia que não a do esquema por demais usado e abusado. Conseguiu escapar a uma classificação X, mas pouco se falou dele. Nestes tempos actuais do politicamente correcto raramente vemos filmes como Body Heat ou Fatal Attraction. É pena que seja tão difícil ter a liberdade e equilíbrio necessárias quer à escrita quer à realização de cenas de sexo credíveis, mas que consigam, pelo menos, espelhar alguma da riqueza do eros.
“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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