Existe uma grande diferença entre a maioria de futuros votantes do PSD - mesmo os que votarem sem grande entusiasmo, e e os impulsionadores e entusiastas da pessoa de Pedro Passos Coelho. Os primeiros, longe dos dramas internos do partido e da guerra das distritais, estão fartos de José Sócrates, do seu estilo, dos seus casos, das suas mentiras, das suas promessas, da sua governação e querem mais do que tudo uma alternativa política séria e minimamente credível. Manuela Ferreira Leite pode não os entusiasmar, mas acreditam que ela é, substancial e politicamente, diferente de José Sócrates. Os segundos, para além do facto de acreditarem em contos de fadas (ou em príncipes encantados, vai tudo dar ao mesmo), mantidos através de uma atenção ímpar que a comunicação social dedica ao seu “ex-candidato” a líder, revoltam-se mais com o facto de não serem a liderança do PSD ou não terem a liderança do PSD que preferem, do que o que se revoltam com a governação de José Sócrates. Este grau de descontentamento dá que pensar, pois alguns até preferem, ainda que indirectamente, deixar a porta aberta a uma nova victória de José Sócrates, a apostar mesmo que sem grande entusiasmo (mas também, entusiasmo porquê e para quê?) numa alternativa credível, que não é a ideal e que tem todas as fragilidades que todas as coisas que não são contos de fadas nem príncipes encantados têm.
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