Logo nos primeiros momentos do debate de ontem, Manuela Ferreira Leite marcou pontos, distanciando-se do seu rival José Sócrates ao expor de forma ousada e frontal a sua “credibilidade” de uma vida construída com trabalho, quer académica quer profissionalmente. Houve quem lhe levasse a mal tal exposição (preferiam certamente vê-la a dizer que chora a ver filmes românticos no programa “como nunca os viu" da SIC). Houve quem o considerasse falta de delicadeza, coisa que não se entende, pois ela tem todo o direito de se orgulhar do seu percurso académico e profissional. Que culpa tem ela de não ter assinado projectos de marquises ,nem de ter tirado uma licenciatura a um Domingo ,nem tão pouco de ter feito uma cadeira universitária de Inglês Técnico por fax? É isto que melindra os comentadores e opinadores, porque há um pacto de silêncio sobre o percurso do Primeiro-ministro e lembrá-lo desagrada a José Sócrates. So what? Mas porque teria MFL que se calar e pactuar com esse silêncio? Não só fez bem, como se demarcou de um certo estilo de “ser” que ela não "é". Mostrou frontalidade e coragem, valores pouco usuais neste país de consensos, paninhos quentes e amiguismos. Mas a sua frontalidade não ficou por aqui.
Ao longo do debate MFL marcou pontos trazendo a política para a mesa e deixando de lado a propaganda, a demagogia e as frases decoradas tão do agrado de JS. Foi assim na análise que fez da economia portuguesa antes da crise internacional ousando dizer que esta só foi boa para JS que se serve dela para esconder as suas más políticas económicas e justificar os maus indicadores económicos nacionais. Foi assim ou lembrar a recusa de José Sócrates em ver a crise económica internacional e reconhecê-la tarde. Foi assim ao recusar falar de casos da justiça, mesmo em seu benefício. Foi assim com a crítica que fez a JS de não ter falado toda a verdade sobre as pensões, a desvalorização das ditas até 50%. Foi assim sobre a pressão espanhola no caso do TGV, apesar de ter sido um pouco confusa a formulá-lo. Foi assim sobre a política económica da ajuda e do subsídio em vez de uma política de promoção da riqueza, que lhe valeu um momento genuino e politicamente incorrecto, e por isso tão criticado quando menciona o caso da criança que mata os pais para se dizer orfã, perante o ar escandalizado e reprovador de José Sócrates, o guru do politicamente correcto. MFL não é fotogénica, nem tem talento retórico para embasbacar os simples nem tão pouco para agradar a quem (por má fé, ou incapacidade) não queira perceber o que ela diz. Mas as suas ideias políticas são claras como água, e quando não são ela diz que não sabe, que não promete, que não se pronuncia. Manuela Ferreira Leite pode não resolver os problemas todos do país, nem é um génio político infalível, mas é credível, frontal, educada apesar de não ceder a nenhum tipo de complacências, e colocou quase sempre José Sócrates à defesa.
(continua)
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Ao longo do debate MFL marcou pontos trazendo a política para a mesa e deixando de lado a propaganda, a demagogia e as frases decoradas tão do agrado de JS. Foi assim na análise que fez da economia portuguesa antes da crise internacional ousando dizer que esta só foi boa para JS que se serve dela para esconder as suas más políticas económicas e justificar os maus indicadores económicos nacionais. Foi assim ou lembrar a recusa de José Sócrates em ver a crise económica internacional e reconhecê-la tarde. Foi assim ao recusar falar de casos da justiça, mesmo em seu benefício. Foi assim com a crítica que fez a JS de não ter falado toda a verdade sobre as pensões, a desvalorização das ditas até 50%. Foi assim sobre a pressão espanhola no caso do TGV, apesar de ter sido um pouco confusa a formulá-lo. Foi assim sobre a política económica da ajuda e do subsídio em vez de uma política de promoção da riqueza, que lhe valeu um momento genuino e politicamente incorrecto, e por isso tão criticado quando menciona o caso da criança que mata os pais para se dizer orfã, perante o ar escandalizado e reprovador de José Sócrates, o guru do politicamente correcto. MFL não é fotogénica, nem tem talento retórico para embasbacar os simples nem tão pouco para agradar a quem (por má fé, ou incapacidade) não queira perceber o que ela diz. Mas as suas ideias políticas são claras como água, e quando não são ela diz que não sabe, que não promete, que não se pronuncia. Manuela Ferreira Leite pode não resolver os problemas todos do país, nem é um génio político infalível, mas é credível, frontal, educada apesar de não ceder a nenhum tipo de complacências, e colocou quase sempre José Sócrates à defesa.
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