“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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25.9.09

Ouço comentadores na RTPN - que passou em directo largos momentos do comício de encerramento do PS, incluindo compassos de espera de José Sócrates à saída - a falar de um “outro José Sócrates” que surgiu e aparece desde a derrota das europeias a fazer um trabalho de (re)construção. Menos arrogante, menos "animal feroz". Os comentadores falam nisso como que a louvar essa "mudança", uma inteligente táctica do actual Primeiro-ministro. Ora para mim, é precisamente o contrário: é porque José Sócrates se pode oldar de uma ou outra maneira, de um ou outro estilo, é por causa dessa flexibilidade de “ser”, que eu não o quero mais para Primeiro-ministro. Há também, como é óbvio e como ao longo dos tempos tenho aqui escrito, o problema das suas políticas, ou melhor das suas medidas casuísticas, da sua falta de visão política que se esgota na enunciação do optimismo e determinação - mas tão mau ou pior do que a política que faz, é essa falta de verdade em conseguir ser aquilo que é, essa necessidade constante de ser "outro" conforme as circunstâncias e conforme o guião que especialistas de comunicação preparam para ele.

Tudo o que Manuela Ferreira Leite não é, nem representa.
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