UM BOM ANO DE 2009
holehorror.at.gmail.com
31.12.08
Lisas e Insufladas, mas Subnutridas
30.12.08
Há quem nunca perceba, nem sequer tenha o mínimo de sensibilidade nem sentido de oportunidade, que às vezes é melhor estar calado. Não dizer nada. Ficar em silêncio. A tentação de falar aproveitando o momento aparentemente propício e em que as circunstâncias são aparentemente favoráveis é demasiada, mas não se dão contam que perdem o tino nas palavras, nas considerações e nas explicações e que, sem querer se tornam tão patéticas.
29.12.08
Os únicos “óscares” da blogosfera que realmente contam, mas que ninguém admite e muito menos menciona, foram ontem atribuídos. Assobia-se para o ar.
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A Trilogia do Cairo
Voltando à lista das escolhas de livros da Ípsilon. Não li nem metade dos livros referenciados, embora esteja a ler um e já estejam dois na calha de leituras próximas, mas apesar desta confissão fico espantada por ter visto a “Trilogia do Cairo” de Naguib Mahfouz em décima oitava posição ora, para mim, esta obra mereceria um lugar de topo numa lista dos melhores romances do século XX. Pergunto-me quem é que a terá lido mesmo e que critérios usam para classificar as obras. Bem sei que se trata de um romance já “velho”, isto é, dos finais dos anos cinquenta do século passado e que nunca mereceu nenhum tipo de curiosidade ou entusiasmo português apesar do Nobel atribuído ao autor em 1988 e das excelentes críticas internacionais, mas finalmente é traduzido e editado em Portugal e é recebido com indiferença reverencial, (só assim se explica o lugar na lista) mais do que com aplauso e gosto. A Triologia do Cairo, que li faz muito tempo numa tradução em Inglês, não corresponde aos cânones das obras modernas pois é daqueles romances inteligentes e de grande fôlego, uma enorme saga familiar que se estende por várias décadas que nos remete para escritores clássicos tais como Dickens, Tolstoi ou Flaubert e não para autores contemporâneos nem tão pouco para romances abstractos e “sem história”. É uma obra riquíssima, com histórias – aliás várias histórias dentro da história – e muita História, que retrata uma família, uma cidade, um país em constante mudança política, e os seus costumes, religião, modos de vida e desejos das personagens ao longo desses anos. Tem uma grande panóplia de personagens riquíssimas e psicologicamente densas, que agem numa teia às vezes mais visível do que outras e um pathos muito próprio. É uma obra muito gratificante e que dá um prazer imenso ler, desafiando e desaquietando o leitor, sobretudo o leitor ocidental, mas de uma grande sensibilidade e momentos de verdadeiro lirismo.
Confesso a minha perplexidade perante estas listas que se subjugam a critérios de “moda” e “conveniência” incompreensíveis para leigos que gostam de ler e de bons romances.
26.12.08
21.12.08
Léxico Socrático 3
19.12.08
Encontros e Desencontros
17.12.08
16.12.08
Mário Soares e a Roleta Russa
Para Mário Soares, uma economia de mercado é uma economia de casino e as desvalorizações bolsistas são roletas russas. O que choca nesta frase, para além da ignorância, é insinuação de negócio ilícito, escuro, lucros chorudos para uma máfia ilícita e a exploração de pobres inocentes. Nada mais errado. Nos países ocidentais, pelo menos, o negócio de Casinos, apesar de lucrativo (senão ninguém o quereria fazer) é extremamente regulado, taxado e cheio de contrapartidas e é por isso uma mau exemplo de economia de mercado que se quer mais fluída e menos regulada. Além de tudo o mais só vai ao casino quem quer: nenhum estado obriga os cidadãos a jogarem e a exporem-se. Não conheço, do ponto de vista estatístico, os padrões de incidências da roleta russa, acredito por isso que sejam algo diferentes dos padrões (estatísticos, também) de subida/descida dos índices bolsistas, mas uma coisa é certa, tanto há imprevisibilidade na roleta russa como num investimento bolsista ou dito de outra forma, tão previsível é uma bala que acabará por ser disparada, como um índice bolsista que acabará um dia por descer.
A visão de Mário Soares é a de um esquerdista que desconfia do mercado e que acha que as crises financeiras são complots dos ricos (os multimilionários que engordam) contra os pobres que acabam sempre por pagar a crise. Diferente é a visão de quem acredita no funcionamento do mercado, e que é a de que os mercados se ajustam e corrigem eles próprios os seus excessos. MS também não quer que “os Estados desviam(em) milhões, que vêm directamente dos bolsos dos contribuintes, para evitar as falências de bancos mal geridos ou que se meteram em escandalosas negociatas”, os que acreditam no funcionamento do mercado também não porque sabem que numa economia de mercado as instituições ou empresas que não são viáveis e eficientes acabam por desaparecer, processo importante para regenerar e limpar a própria economia. Se estamos de acordo na crítica ao desvio de fundos para os bancos, não o estamos pelas razões porque ele não deve ser feito, nem na forma como nos relacionamos com a crise e o mercado.
Estamos também de acordo, na importância pelo cumprimento da Lei numa democracia: se há quem viole a Lei por ter permitido transacções e investimentos ilícitos, por ter mentido aos accionistas ou enganado-os deliberadamente bem como aos clientes, deverá ser punido porque em democracia quem viola a Lei deve responder por isso. Simples.
No CDS a contestação a Paulo Portas (com os seus 95% de votos no congresso) adensa-se com militantes a abandonar o partido pois questionam a falta de rumo deste bem como a sua liderança.
Quem nos últimos meses concentrou toda a atenção nos sempre tumultuoso PSD, pensaria que nos restantes partidos se respira um ar puro sem conspiração, parece afinal que o PSD não é detentor exclusivo da conspiração fratricida. Estes turbilhões à esquerda e à direita tão pessoais quanto políticos (se não mais ainda) dão oportunidade, por um ou dois dias, a Manuela Ferreira Leite de poder respirar à vontade: as luzes não estão voltadas para ela, e ninguém tomará a sua respiração por “gaffe”.
15.12.08
Léxico Socrático 2
14.12.08
Dos Interditos
Mantém-se assim a célebre dissonância entre o Vaticano e os crentes que, uns com indiferença e naturalidade, mas outros com coragem individual e contrariedade - coisas imperceptíveis e invisíveis neste mundo feito de dados adquiridos - tomam a pílula, usam o dispositivo intra-uterino, fazem bébés proveta, têm relações sexuais fora do casamento. Tudo um pouco longe desse mundo cor-de-rosa pensado pelo Vaticano onde supostamente se fazem os filhos como “fruto do acto conjugal específico do amor entre os esposos”, os filhos fazem-se como sempre se fizeram: fazendo-se. Aliás esta frase é o paradigma do deste desfasamento que teima em perpetuar-se no corpo da Igreja. É impossível evitar uma primeira e básica reacção: Meu Deus perdoai-lhes que presumivelmente “eles” (se houvesse mais “elas” talvez não se dissessem tantas imbecilidades, mas isso é outra conversa) não sabem do que falam.
Na sua ida aos Estados Unidos, onde vimos para escândalo de tantos Rudolph Giuliani, um reincidente divorciado recasado, comungar, o Papa criticou aquilo que ele considerou como uma moderna forma de catolicismo: o “pick and choose catholicism”, em que as pessoas ajustam a doutrina à medida das suas conveniências e das suas vidas e expectativas ignorando algumas directivas. O Papa Bento XVI tem alguma razão na sua crítica, mas não é com documentos destes e com a habitual posição do Vaticano sobre as questões da sexualidade e da bioética que se minimiza a distância entre os crentes e a sua Igreja. Não falo nem em facilitismos, nem relativismos, muito menos em porreirismos, lembro só que há mais correntes teológicas dentro do catolicismo do que aquela que representa o Papa, que a Igreja é diversa e livremente pensante e esta matéria, mesmo entre teólogos, quanto mais entre os leigos que enchem as igrejas ao domingo e os que não as enchendo dão no mundo o seu testemunho do Cristo vivo, está longe de ser consensual.
Mais do que julgamentos e interditos eu acredito na liberdade que a Ressurreição de Cristo nos dá e na Misericórdia Divina que, porque Deus se fez Homem e porque é isso que todos os anos nesta época o Natal se celebra, essa encarnação em que o Verbo se faz Homem, conhece a nossa condição humana, conhece a curiosidade que nos leva a querer saber mais e conhecer melhor o mundo na forma dos avanços científicos e tecnológicos, conhece a dúvida que nos faz vacilar, conhece a dor e a alegria. Acredito na Igreja (comunidade de crentes, e não só instituição), que melhor ou pior é presença no mundo e que se constrói tantas vezes apesar de interditos e mais interditos.
12.12.08
11.12.08
Amanhecer 8
10.12.08
O Parque Temático
José Sócrates crê criar a realidade em Portugal e trabalha na ilusão de que a cria, mas a sua é uma realidade feita como quem faz um parque temático. Entra-se num mundo de fantasia - que neste caso pouco diverte. Meia dúzia de cenários e recriações pensados para seduzir o cliente, palavras e discurso chamativos que entusiasmam e criam ilusões, máquinas cheias de efeitos especiais, outras de fazer vertigem, e no meio de toda a euforia criativa que se gera esquece-se o mundo lá fora. Sócrates governa esse parque temático chamado Portugal: tem TGV, tem Magalhães, tem Simplex, tem Aeroporto, tem Plataforma contra a Obesidade, tem novas Oportunidades, tem polícias e ASAE a trabalhar por objectivos, tem nacionalizações de bancos, tem museus Africa cont. e muito muito mais num mix completo de entretenimento com posters de Allgarve e de West Coast of Europe onde as prioridades políticas e a visão para o país são pouco percebidas e parecem reduzidas a um conjunto de funções e a vontade sequer de conceber uma política se esvai no espectáculo permanente. O problema acontece de cada vez que se sai desse parque temático e se experimenta o mundo real, na forma de manifestações, greves, críticas, a rara comunicação social indomável, o mal estar social, o consumo que desce, os números económicos cada vez mais pessimistas, a economia mundial a desacelerar, os mercados que teimam em não mostrar confiança (chatice!), as previsões económicas, o desemprego, o congresso do PCP. Este é o mundo os políticos teimam em não (re)conhecer pois é muito mais incómodo do que o mundo fantasia do parque temático onde tudo é melhor porque as taxas de juro descem. Como se o mundo fosse assim tão simples.
9.12.08
Victor Constâncio literalmente já não sabe de que terra é. É de Portugal, homem! Aquele país que tem tido ao longo dos anos o menor crescimento europeu, que se tem afastado cada vez mais da Europa, que por muito que digam não está protegido de nenhuma recessão. Victor Constâncio já foi ultrapassado pela realidade há muito, só que agora está à vista de todos, menos dele.
Adenda: Acabei de testemunhar através da televisão o quão consternado se mostrou o governador do Banco de Portugal por ser, contra a vontade dele, o governador de banco central mais bem pago do mundo. Patético. Poupem-nos por favor.
8.12.08
Diamonds and Rust
Well I'll be damned
Here comes your ghost again
But that's not unusual
It's just that the moon is full
And you happened to call
And here I sit
Hand on the telephone
Hearing a voice I'd known
A couple of light years ago
Heading straight for a fall
As I remember your eyes
Were bluer than robin's eggs
My poetry was lousy you said
Where are you calling from?
A booth in the midwest
Ten years ago
I bought you some cufflinks
You brought me something
We both know what memories can bring
They bring diamonds and rust
Well you burst on the scene
Already a legend
The unwashed phenomenon
The original vagabond
You strayed into my arms
And there you stayed
Temporarily lost at sea
The Madonna was yours for free
Yes the girl on the half-shell
Would keep you unharmed
Now I see you standing
With brown leaves falling around
And snow in your hair
Now you're smiling out the window
Of that crummy hotel
Over Washington Square
Our breath comes out white clouds
Mingles and hangs in the air
Speaking strictly for me
We both could have died then and there
Now you're telling me
You're not nostalgic
Then give me another word for it
You who are so good with words
And at keeping things vague
Because I need some of that vagueness now
It's all come back too clearly
Yes I loved you dearly
And if you're offering me diamonds and rust
I've already paid
Joan Baez (aqui)
.
7.12.08
The Enchantress of Florence
Demorei mais tempo do que gostaria a ler o livro. Rushdie escreve bem como sempre, uma escrita texturada que enche o livro de frases belíssimas e imponentes. Este é mais outro romance rico e denso: pelas personagens, pelos ambientes, pelas histórias, pela história, pelas geografias, pelos mundos, pelas intrigas, pela linguagem, pelos simbolos, pelas evocações. O multiculturalismo em versão literária. No entanto e por vezes, o romance cansava-me, tal o turbilhão de nomes complicados, de locais impronunciáveis, de gentes, já não é a primeira vez que isso acontece (‘The Ground Beneath her Feet, por exemplo) de uma forma que não acontece com outros romances igualmente complexos e densos como “Midnight’s Children” e “Shalimar the Clown”, e chego à conclusão que o Salman Rushdie que mais me prende e agarra é o que é autobiográfico. Ele escreve sobre Cachemira e Bombaím - as suas memórias, mesmo que ficcionadas, dessas terras - de uma forma diferente da que escreve sobre todos os outros locais. As personagens que ele molda são também diferentes, mais doces e rudes e menos elaboradas e intelectuais nos romances mais autobiográficos. A intensidade é diferente, a poesia, o sentir, a delicadeza, a nobreza, a luta, o confronto, são diferentes; são menos intelectuais, menos retóricos. É como se escrevesse uns romances com a cabeça e os outros com a cabeça mas também com os sentidos, a nostalgia, a memória, como se saíssem de dentro dele e não apenas como se fossem construções. Para mim, este é mais um bom romance ao contrário dos outros que são excelentes romances.
5.12.08
Maria de Lurdes Rodrigues é cada vez mais um fantasma de si. Parece que tudo lhe correu mal, desde o momento zero, mesmo com uma vontade legítima à partida. Mas a realidade e o ano eleitoral que se avizinha é mais forte do que qualquer vontade de reforma. Ela já lá não está, e deveria sair: não se pode em dias consecutivos defender coisas opostas. Tira credibilidade, respeito a si, e é uma perda de honorabilidade.
Dias Loureiro parece estar cada vez mais cercado e ameaça arrastar consigo outros nomes sonantes do regime. Nada que nos admire, mas veremos até onde é que as investigações irão. Hoje a TVI lançou muitos nomes para cima da mesa de confusões que é o caso BPN. O Presidente da República deve estar desconfortável. Dias Loureiro deveria libertar o Presidente saindo do Conselho de Estado. É a coisa certa a fazer.
4.12.08
Do Sexo
3.12.08
2.12.08
O Léxico Socrático
Era uma boa ideia fazer-se um léxico, para mais tarde recordar e perceber, destes anos de Socratismo. Não faltam palavras e expressões que nos dêem uma perspectiva destes tempos pragmáticos e ideologicamente abafados.
1.12.08
28.11.08
Ver os Filmes dos Livros 2
As relações entre as pessoas nomeadamente entre Charles e os diferentes membros da família, bem como com Brideshead itself, são líquidas e sem contornos definidos no romance (e na série): não há casualidades explícitas. No filme essas relações são estandardizadas e simplificadas ao estilo telenovela em binómios, o primeiro do qual assenta no sistema de classes, e em modelos fáceis e explicados para consumo de massas. A homossexualidade de Sebastian, primeiro insinuada e só no fim percebida é convertida num patético manifesto gay, a ligação entre Charles e Julia aparece como contraponto da ligação entre ambos com Sebastian e não como uma fluída complementaridade, bem como a explicitude da relação entre Charles e lady Marchmain são exemplos dessa estandardização das relações perdendo-se a teia complexa e dinâmica em que todos estão ligados a todos. A própria Lady Marchmain (que nem Emma Thompson consegue salvar) é demasiado vulgar. Sebastian um autómato, Julia uma personagem oca, só Charles consegue ter um pouco de densidade, mas só se nunca nos lembrarmos do Charles interpretado por Jeremy Irons, coisa de difícil concretização.
No fim do filme, à laia de moral da história (coisa horrível) Julia pergunta a Charles o que é que ele afinal quer, e Charles acusa-se por ter querido ter tudo (ainda o binómio de classes). Não poderia discordar mais dessa visão reducionista e tão “actual”. A culpa dele não é a de ter querido tudo, se é que quis tudo, esse não é o centro da questão, nem ninguém naquele universo se preocuparia com tal mundaneidade. A culpa vem deles, vem de sempre, vem de serem como são, de não conseguirem ousar serem “felizes” (só Lord Marchmain o tentou), Charles ao ser mergulhado naquela família também não consegue escapar à culpa mesmo sem saber bem de onde vem: de trair Sebastian, de querer Julia? De não corresponder às expectativas de Lady Marchmain? A dúvida de uma culpa que não se percebe é que atormenta Charles.
O filme afasta-se demasiado do espírito do romance, simplificando-o e apatetando-o sem nos dar nada de novo, de ousado e interessante em troca: a realização é pastosa e cheia de clichés, o processo narrativo não é ousado e o flash-back é o esperado, os actores carecem de qualquer espessura, parecem bonecos postos num cenário que tenta ser grandioso, a fotografia que poderia ser boa é também banal. O filme deu-me uma vontade enorme de rever a série de tal forma foi uma posta perdedora.
27.11.08
Miguel Sousa Tavares no seu comentário semanal na TVI considerou os atentados em Mumbai mais como uma manifestações de extremismo religioso típico da Índia do que de um atentado terrorista e face do terrorismo extremista que hoje nos ameaça.
Confesso a minha perplexidade entre esse preciosismo de ser fruto de extremismos “locais” versus extremismos “globais”. Realmente isso é indiferente uma vez que o tom de ataques deste género afectando civis e inocentes indiscriminadamente foi dado pela Al Qaeda que foi essa organização que mudou a face do terrorismo. Depois é difícil estabelecer fronteiras nítidas entre as “intenções” ou “origens” deste tipo de terrorismo uma vez que a Al Qaeda é uma organização que funciona com células autónomas e descentralizadas que podem decidir autonomamente como agir.
Também confesso o meu espanto perante a sua preocupação pelas manifestações de extremismos religiosos na Índia uma vez que nunca o ouvi sobre os recentes ataques de Hindus às comunidades cristãs. Mas, claro, sobre isso nunca interessa falar.
Ver os Filmes dos Livros
Há casos interessantes de livros que dão filmes. Alguns criam sucesso próprio, outros não. Uns conseguem ser uma peça que vale só por si, outros não e nunca conseguem ganhar vida “própria” e mérito “próprio”. Não sei qual é o segredo, e se todos soubessem todos fariam belas peças de arte. Há duas situação: a primeira é a de tentar olhar para o filme como uma peça isolada sem muita comparação com o livro. Lembro-me de como gostei de ler “O Nome da Rosa” de Umberto Eco (um best-seller dos anos 80) e de como o filme me desiludiu, uma vez que não consegue transportar toda a riqueza do romance. Revi-o passado uns anos e tentei não o colar ao romance, tentei pensá-lo como um filme autónomo sem referência a nada e apercebi-me que não era assim tão mau. O segundo caso é o de de seguir à letra o romance o que leva muitas vezes a que se faça uma série e não um simples filme. Foi assim em “The Jewel in the Crown” uma belíssima série (1984) de uma tetralogia subestimada "Raj Quartet" de Paul Scott. Ambos romance(s) e série de altíssima qualidade. Foi assim com "The Lord of the Rings"de Tolkien também cujos filmes de Peter Jackson ganharamn Oscares.
Mas nos últimos anos temos assistido a um fenómeno interessante: fazer um filme de um romance que entretanto já deu origem a uma série de grande sucesso e qualidade. Tudo fica ainda mais complicado: há duas referências boas e aclamadas o terceiro desafio é, por isso, muito ousado e há que o ser na concretização do projecto mostrando-nos algo de novo. Assim aconteceu com o grande clássico “Pride and Predjudice” de Jane Austen cuja série de 1995 fez enorme sucesso e que posteriormente deu origem a um filme de 2005 de Joe Wright que, confesso, conseguiu surpreender. Não concordando com todas as suas opções e percebendo-o qui e ali longe do romance, reconheço que o filme vive por si, a produção tem qualidade e mérito, as opções funcionaram o ritmo prende e reconheço que foi uma aposta ganha. “Brideshead Revisited (The Sacred and Profane Memories of Captain Charles Ryder)” é outro exemplo, e ainda melhor, desta vontade arrojada de fazer sobre o que já existe e que é reconhecido como brilhante: um romance conhecido e valorizado de Evelyn Waugh que dá origem a uma das melhores séries televisivas de sempre (1981) de qualidade irrepreensível, fidelissima ao espírito do romance e aclamada unanimemente. Fazer um filme nestas condições é muito arrojo.
(continua)
26.11.08
25.11.08
Ser ou não Ser Político
23.11.08
Igual a si Própria
Sair de Cena 4
21.11.08
A Espuma dos Dias que foram 16
Today is Not a Good Day for Adultery
Today is not a day for adultery.
The sky is a wet blanket
Being shaken in anger. Thunder
Rumbles through the streets
Like malicious gossip.
Take my advice: braving
The storm will not impress your lover
When you turn up at the house
In an anorak. Wellingtons,
Even coloured, seldom arouse.
Your umbrella will leave a tell-tale
Puddle in the hall. Another stain
To be explained away. Stay in,
Keep your mucus to yourself.
Today is not a day for sin.
Best pick up the phone and cancel.
Postpone until the weather clears.
No point in getting soaked through.
At your age, a fuck’s not worth
The chance of catching ‘flu.
Roger McGough
Sair de Cena 3
20.11.08
Também me pergunto como estarão os sindicatos? Continuam iguais a si próprios? E os professores? Continuarão todos a afirmar que querem ser avaliados, mas..., ou só que...?
Sair de Cena 2
O Banco de Portugal não fez o que deveria fazer, não esteve onde deveria ter estado, e alguém deve responder por isso. Ao constatar este facto percebe-se que uma época da história do BP acaba agora e uma nova era se abre. Constâncio pertence ao passado e ele já não é mais do que uma sombra: é isso que nós de fora vemos. Muitos pedem a sua demissão, e eu pergunto-me porque é que ele próprio não põe o seu cargo à disposição. Porque é que é sempre tão difícil perceber a mudança, perceber que o hoje já é outra coisa, porque é tão difícil sair de cena.
18.11.08
Os Alunos em Amarante
Alunos que reivindicam o direito a faltar às aulas porque são “jovens” e os jovens faltam e que reclamam porque têm aulas de substituição em vez de irem para o recreio, são um ex-libris da sociedade complacente em que estamos. Estes jovens sofrem de excessos e de abundância: tudo lhes é dado tudo lhes é devido. Na escola nas últimas décadas o ensino é organizado de modo a não traumatizar os meninos e as meninas, de modo a acomodar os ritmos de aprendizagem de cada aluno sem ferir eventuais “diferenças”, nem premiar a diferença pela positiva, a deixar desenvolver as suas competências à medida que passam os dias, meses e anos com programas escolares que pouco ensinam, a dar espaço à criatividade, a compreender as falhas, e a não exigir qualidade, a não valorizar as faltas. A infantilização completa é mostrada quando alunos que deveriam querer aproveitar tudo, cada aula, cada tempo para se prepararem para exames e para o mundo competitivo da entrada para as universidades ou para a chegada ao mercado de trabalho, se passeiam em grandes números e dizerem querer faltar porque “são jovens” e querer mais recreio num nível próprio dos primeiros anos do ensino básico. Não se vislumbra a ponta de responsabilidade, de maturidade, de querer atingir metas de ter objectivos. Nada, bem pelo contrário, a imagem que é dada é de que se pensa que a vida é um grande carrossel: cores vivas, música, muitos telemóveis e alguém que nunca se sabe, nem quer saber quem, sempre a dar à manivela, e isso é alarmante. Claro que não é só responsabilidade da escola, é a imagem de uma mentalidade de um Portugal no seu pior.
17.11.08
A Educação Vista ao Longe
8.11.08
Avaliar 2
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