“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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24.3.10

Bingo!

Hoje fiz um telefonema a pedir assistência técnica. Depois de expor o meu problema, a senhora que me atendeu perguntou com o profissionalismo e segurança de quem sabe como resolver as questões e de quem não tem medo de palavras esdrúxulas: “quer que fáçamos a assistência em casa?”, reprimi o meu instinto de explicar os conjuntivos à senhora - estes fáçamos e estes póssamos, que ameaçam espalhar-se desapiedadamente, são mesmo duros de ouvir, e nem o corrector ortográfico gosta deles - e disse que sim. Com a acrescida segurança de quem repete vezes sem conta estas frases e por isso está em território familiar, ela conclui: “há-dem contactá-la para marcar o dia e a hora”. Claramente eu estava em território hostil, balbuciei um obrigada (nesta altura já não me passava pela cabeça explicar-lhe a conjugação do verbo haver), desliguei. Um momento depois pensei afinal na minha sorte: estatisticamente falando, deve ser raro ouvir estas duas preciosidades em menos de dez segundos.

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