“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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27.3.10

Manuela Ferreira Leite

Faço minhas estas palavras de André Abrantes Amaral no Insurgente,


E até digo mais. Havemos de sentir a falta da sua forma pouco complacente de fazer política, da sua insistência em não se deixar maquilhar pelo marketing político, e da sua frontalidade pouco simpática, mas certeira. Entramos numa nova era em que a imagem impera sobre a substância, em que as ideias se moldam conforme as causas que se decidem abraçar, e os discursos se fabricam de acordo com o efeito que se pretenda causar e que tenha sido previamente estabelecido. Nem sempre estive de acordo com ela, mas mereceu a minha consideração e respeito.

E até digo ainda mais. Estamos perante uma nova fase na política portuguesa. José Sócrates, Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, Francisco Louçã, são políticos feitos do mesmo barro. Sobra Jerónimo de Sousa, um último reduto de franqueza, o único líder que ainda consegue ser razoavelmente genuino e igual a si próprio. Todos os outros parecem sub-produtos embora, para ser justa, deva mencionar que José Sócrates se destaca pela falta de qualidade intrínseca, pelo excesso de plasticidade formal, e pela constância da inconsistência política.

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