A clareza de Pedro Passos Coelho, na entrevista a Judite de Sousa hoje na RTP, (que pode ser vista aqui) surpreende-me pois é sobretudo condicional: tem normalmente um “se” (ou equivalente) que a precede. Ora uma premissa condicional do tipo: “de cada vez que concordar com ..., então votarei a favor”; ou “estarei de acordo se..., mas se não...”; ou “quando for do interesse de..., eu concordarei com...”; dá, de imediato, incerteza à frase que nunca poderá ser clara. A clareza traduz-se através de afirmações simples, sem condições, nem condicionantes, nem contradições. Este é um péssimo hábito de PPC, mas acredito que à força de repetir que é claro as pessoas comecem a acreditar que o é. Deve ser mais uma dessas técnicas comunicacionais das agências de marketing político que tornam os discursos dos políticos sempre iguais e os fazem repetir vezes sem conta a mesma frase. Tal como José Sócrates que espalha optimismo, (PEC? Aumento impostos? Nã...) Hoje foi a vez do seu "plano tecnológico" e de uma visita a uma "empresas de sucesso". Uma coreografia e um script já estafados.
Passos Coelho segue-lhe as pegadas e repete as frases e os temas (exemplo: o Estado não devia ser empresário, quantas vezes ouvi isto nos últimos dias?). Mesmo tendo parecido, como tem sido já hábito ultimamente, calmo e seguro, e mesmo tendo sido nalgumas matérias afirmativo, a verdade é que, na maioria das questões, sobretudo de índole mais marcadamente política, foi tão opaco e sinuoso como é seu hábito. Pressentimos assim o seu "vazio".