“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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11.10.06

O Véu

Há dois anos debateu-se o uso do véu pelas mulheres islâmicas em França e após grande polémica foi aprovada uma lei que, impedindo sinais de identificação religiosos, tornou inaceitável o uso do véu nas escolas. Perguntava-me na altura quando esse debate se iria corporizar na Grã-Bretanha e como. Temos agora a resposta com o respeitoso pedido de Jack Straw para que as mulheres islâmicas da sua Constituency não o usem quando quiserem falar com ele. Gostei. Primeiro da coragem de um político, que é de esquerda, ter tomado uma posição desfavorável ao uso do véu que cobre a cara (ou niqab) da mulher e que, segundo ele impede uma boa comunicação, e segundo de esta polémica ter chegado finalmente ao Reino Unido. Se em França esta polémicas têm ecos no Norte de África, no Reino Unido elas chegam ao mundo islâmico Asiático. E em ambos os casos se tenta afirmar os nossos valores, como o do respeito pela individualidade e liberdade de cada um. Hoje nota-se um crescimento no uso de véus na Europa, e não só, por parte das mulheres muçulmanas, e seria interessante perceber a verdadeira natureza desta adesão pois não creio que a explicação para tal facto seja sobretudo religiosa. Terá talvez mais a ver com um sentimento de pertença, o que acaba por ter relevância política.

Voltarei outra vez a este assunto do véu para tentar olhar para as muitas faces de uma opção como esta e para perceber a nossa (não islâmica) dificuldade e relutância em aceitá-la.

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