“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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5.8.07

Ida e Volta

Ontem fiz mais de 900km numa viagem de ida e vinda que me levou ao topo noroeste do país. Comecei às 6h30m da manhã e na auto-estrada do norte, pouco depois de deixar Lisboa para trás fiquei deslumbrada com o sol a nascer por cima do Tejo. Uma enorme bola pouco nítida, pois o ar estava enevoado e de um leve cinza que contrastava com a cor salmão do sol e do rio que espelhava luz. O meu olhar demorava-se nesse amanhecer.

Ouvia na rádio as notícias de um acidente em Coimbra que tinha ocorrido durante a noite e que condicionava ainda a circulação de norte para sul. Pensei naqueles que faziam a viagem em direcção ao Sul, nomeadamente ao Algarve e que pensavam que sair cedo os ajudaria a fazer melhor a viagem. Antes das 8h, quando passei pelo local do acidente, a estrada ainda não estava “limpa” segundo as informações que ouvia, pude ver a bicha de carros que já existia. Eu creio que é impensável e inadmissível manter a circulação de uma auto-estrada condicionada por tanto tempo - ouvi à noite num telejornal falar em 18 horas – e que roça os limites do absurdo e é totalmente inaceitável. Limpar a via não demora tanto, nem que o material derramada fosse altamente tóxico. Ao longo das horas que passavam ouvi referências a 10km de bicha. Será que não há ninguém responsável por isto?

A chegada ao norte, agora mais facilitada por não se passar por Viana do Castelo, trouxe consigo o ar fresco e limpo e o cheiro de maresia depressa invadiu o carro, enquanto o olhar se demorava na costa, nas gentes nas praias, na Foz do Minho e nos múltiplos tons de verde brilhante que enchem a paisagem.

Mais tarde, e já de regresso, uma rápida passagem e um breve passeio pelo Porto confirmou aquilo que tenho visto ultimamente e que estava pouco habituada, uma cidade cheia de turistas, a pé, em autocarros de dois andares abertos em cima, nas esplanadas, na Foz, na marginal, na Ribeira. Verão ou inverno o que é um facto é que o Porto se enche de turistas.

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