“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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16.8.07

Azares

Nas últimas semanas fui duas vezes ao cinema. De nenhuma das vezes escolhi o filme que fui ver, uma situação que por si só já considero como um mau prenúncio. Tal como temia não gostei de nenhum dos filmes, tendo o primeiro sido muito pior do que o último. O primeiro foi Nem Contigo...Nem Sem Ti uma comédia romântica, so they say, que dá vontade de chorar de tão má que é. Tudo naquele filme é mau, a produção é pirosa, a realização paupérrima, a história é um patético cliché que custa a acreditar – e a ficção tem que ser credível - as personagens são confrangedoras e nunca convincentes, a interpretação pobre, os cenários muito maus tal como a roupa e a maquilhagem e até Michelle Pfeiffer estava uma sombra do que é. O que ela fazia ali naquele filme permanece um mistério. Nunca devia ter visto aquele filme; tanto mau gosto e falta de qualidade juntos fazem mal.

O segundo filme, visto recentemente é Ratatui, o último filme de animação da Disney Pixar. O filme nunca nos transporta como a saga The Incredibles, nem nos embala como À Procura de Nemo só para falar em produções da Disney. Para além de dois ou três gags poderosos o filme nunca consegue passar de uma inócua banalidade que nem aquece nem arrefece. O mundo da gastronomia restaurantes, competição, estrelas, críticos, por exemplo, nunca é objecto de um olhar verdadeiramente mordaz e a história acaba bem demais num embalo de igualdade e moralidade que condiz com os olhinhos tristes do rato que os violinos sabem sempre acompanhar. Depois, claro, há o problema de ver ratos e ratos e ratos durante todo o filme, e se o protagonista é girinho e limpinho, o mundo dos ratos está longe de fascinar (Por Água Abaixo, comentado aqui, foi excepção e foi um dos filmes de animação que mais gostei de ver).

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