Sou atenta à forma como se usam as palavras e identifico expressões que num momento são moda, noutro cansam e no seguinte se tornam pirosas. Vejo como as palavras cuidadosamente escolhidas por “sábios” tentam tantas vezes dar uma capa de verniz à falta de conhecimentos ou de “mundo” de quem as utiliza, nomeadamente a políticos, mas não só. Muitas vezes divirto-me só com a forma como elas são combinadas, de forma pomposa e pouco natural e até já tenho rido com letras de músicas aqui no blogue.
Tudo isto porque me deparei finalmente aqui (via Portugal dos Pequeninos) com uma expressão que tardava a aparecer e que eu queria saber quem seria a primeira pessoa (que eu lesse, claro – e assumo já que estou longe de ler tudo) a utilizar a expressão, a propósito da crise petrolífera internacional, "mudança de paradigma civilizacional", e ela foi usada por Manuel Maria Carrilho, coisa que não surpreende, nesta frase: Assumir responsável e pedagogicamente os dados da actual crise, assim como a mudança de paradigma civilizacional - na energia, no crédito, no consumo, nos transportes, no turismo, etc. - que ela impõe com urgência. Se olharmos para a forma (com o conteúdo do parágrafo não me demoro, pois estou em sintonia com a ideia) está lá tudo: o estruturalismo, a influência francesa, as tentações “intelectualizantes”, e também um certo desgaste e facilitismo de alguém que pensa, e que cuida a escrita: essa expressão é previsível demais e por isso, como diriam os adolescentes, “já foi”. “Ter mundo” como escreve MMC no artigo, é também saber reconhecer esses sinais.