Há alturas em que me sinto desfocada deste mundo. Pareço vinda de umas longas viagens que nos fazem demorar a reconhecer a casa onde moramos. Anda por aí, este “aí” num sentido verdadeiramente lato e indefinido, que tanto pode ser pelas ruas que percorremos, lugares em que pousamos, textos que lemos ou gentes cá da terra com quem falamos, uma certa indignação com um programa da televisão que passa na SIC e parece que se chama “Momento da Verdade”. Ao que parece perguntam coisas que, para sossego dos próximos e do mundo em geral, nunca se deveriam perguntar, e muito menos querer saber. Mas os concorrentes acham que não, e lá contam a vidinha toda, entre poses mais ou menos indignadas e ar compungido dos familiares, e vão respondendo a essas ditas perguntas para ganhar um prémio final. Pelo menos isto foi o que consegui detectar nos breves segundos que vi o dito programa, enquanto zapava. Breves segundos mesmo, porque tenho real incapacidade de ver estes programas, Big Brothers e afins. Irritam-me, incomodam-me questionam demasiado as minhas crenças sobre o género humano , fazem mal à alma e poluem, porque todo o lixo polui, incluindo o lixo televisivo.
Tenho, no entanto, seguido na RTP Memória uma série inglesa da LWT (a mesma que fez a Família Bellamy ou Upstairs Downstairs) passada na Ilha de Guernsey durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial. Nesta época de Dr. House, Perdidos, Donas de Casa Desesperadas, Anatomia de Grey ou Prison Break, é com curiosidade que revemos estas séries doutras épocas. Toda a narrativa é diferente, o ritmo, os enredos, as filmagens, a composição das personagens, os episódios parecem mais decalcados de uma sólida tradição teatral do que da vontade de exploração da televisão ou apostas em complicadas produções. Tudo prima pela sobriedade e ritmo adagio incluindo as paixões que movem as personagens, se é que adagio e paixão são conceitos compatíveis. Num complexo mundo em guerra, conseguem arrumar direitinho as pessoas por categorias: cavalheiros, oficiais, soldados, gente comum, políticos, militares de carreira, militares dos serviços secretos, espiões, etc. O mais interessante na série é ver estas divisões no lado alemão onde a tendência é serem catalogados na gaveta dos “maus”. Outra curiosidade é que o valor mais importante transmitido ao longo dos episódios é o da honra. Hoje em dia seria impensável fazer uma série em que o aspecto mais relevante fosse a honra, poderia ser a lealdade, a coragem, mas a honra está a cair em desuso e tanta gente já nem sabe o que isso é. Talvez se soubessem não fossem ao “Momento da Verdade”.
Tenho, no entanto, seguido na RTP Memória uma série inglesa da LWT (a mesma que fez a Família Bellamy ou Upstairs Downstairs) passada na Ilha de Guernsey durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial. Nesta época de Dr. House, Perdidos, Donas de Casa Desesperadas, Anatomia de Grey ou Prison Break, é com curiosidade que revemos estas séries doutras épocas. Toda a narrativa é diferente, o ritmo, os enredos, as filmagens, a composição das personagens, os episódios parecem mais decalcados de uma sólida tradição teatral do que da vontade de exploração da televisão ou apostas em complicadas produções. Tudo prima pela sobriedade e ritmo adagio incluindo as paixões que movem as personagens, se é que adagio e paixão são conceitos compatíveis. Num complexo mundo em guerra, conseguem arrumar direitinho as pessoas por categorias: cavalheiros, oficiais, soldados, gente comum, políticos, militares de carreira, militares dos serviços secretos, espiões, etc. O mais interessante na série é ver estas divisões no lado alemão onde a tendência é serem catalogados na gaveta dos “maus”. Outra curiosidade é que o valor mais importante transmitido ao longo dos episódios é o da honra. Hoje em dia seria impensável fazer uma série em que o aspecto mais relevante fosse a honra, poderia ser a lealdade, a coragem, mas a honra está a cair em desuso e tanta gente já nem sabe o que isso é. Talvez se soubessem não fossem ao “Momento da Verdade”.