“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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17.12.09

O País das Maravilhas

Se algum(a) marciano(a) aterrasse agora em Portugal e abrisse um jornal iria ficar impressionado com as prioridades políticas e legislativas do nosso pais: regionalizar um país demasiado homogéneo e claustrofóbico, legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo - depois de ter legislado anteriormente uma versão de “divórcio turbo” que tem dado que fazer aos tribunais de família, e arrancar com o projecto/investimento do TGV que trará a Europa para mais perto de nós. O dito marciano pensaria estar perante um país rico e próspero com os problemas essenciais para o bem estar de uma sociedade resolvidos. Ele saberia, por exemplo, que estava num pais que não tinha dívida externa, em que o desemprego era quase inexistente, a indústria era sólida e espelho de um confiante investimento e consumo privados, a justiça célere e conclusiva, a educação exigente formava cidadãos solidamente qualificados, o sistema de saúde respondia na hora às necessidades dos contribuintes e que a política fiscal era justa. O Pais das Maravilhas.

José Sócrates continua com a sua política de fugir para a frente, anunciando medias umas atrás das outras e legislando rápida e sucessivamente em matérias fracturantes de forma a atordoar o eleitorado e a encandear o nosso olhar para nos impedir de ver. Mas há sempre alguém atento. Há sempre quem veja. Há sempre quem perceba. Valho-nos isso.
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