“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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10.11.07

Apeteceu-me

Wagner, e ouvi Solti e a Orquestra Sinfónica de Chicago em


Depois encontrei esta maravilha que vale a pena espreitar: Arturo Toscanini no youtube.

6.9.07

Luciano Pavarotti

Era uma força da natureza, bigger than life, com uma voz que enchia e comovia. Não deixou ninguém indiferente. A morte leva-o cedo demais. Nunca o vi (ouvi) ao vivo. Pena.

Aqui canta em português com Caetano Veloso, numa das suas muitas extravagâncias.

1.5.07

Uma ideia da Europa 10

Rudolf Nureyev, Bolchoi, Ballet. Ópera. Espectáculo, noites de gala, salas cheias e "encores". Festivais e Ciclos. Público.

14.3.07

Basta!

Num Portugal como o nosso feito de pequenez, habituei-me a sorrir da idiotice, do golpe e do provincianismo pomposo que abundam e espreitam por qualquer canto, de preferência mal iluminado. Mas há alturas em que pequenas coisas, por exemplo, frases feitas pelos especialistas de marketing, ou pelos psicólogos sociais, gurus de tanto quadro de chefia e político nacional, me irritam demais e impelem a dizer “basta!”. Basta de me tomarem por parva. Pago os meus impostos, poupo água, apago as luzes, não deito pastilhas elásticas para os passeios, voto sempre, gabo as belezas naturais (as que ainda existem) do meu país, sou de um comportamento cívico exemplar, por isso revolto-me com a ofensa diária que sobretudo os políticos fazem de sistematicamente me tomarem por parva. Ele é o “Cartão do Cidadão” que nunca servirá para que se cruzem dados abusivamente, ele são os SISIs, ele são os novos preços dos medicamentos, os novos impostos automóveis (em que o contribuinte acaba sempre a pagar mais), a OTA, enfim poderia continuar mas poupo esse esforço.

Desde ontem que uma expressão, a propósito do afastamento de Paolo Pinamonti do Teatro Nacional de S. Carlos, não me sai da cabeça pela estupidez - e cupidez (?), enfim, todo um tratado do pior que há no nosso país - que encerra: “Turismo Cultural”. Oh Deus! Que é isso? Até hoje turismo cultural têm sido uns viras corridos dançados no Algarve para turista ver, ou um passeio até aos Jerónimos, o Castelo de S. Jorge (que só tem a vista como recompensa para tão grande subida), alguns turistas mais exigentes vão ao Museu Nacional de Arte Antiga, e no norte o turismo cultural resume-se numa ida a Gaia às caves do vinho do Porto beber uns copos à borla, e um passeio pela Ribeira de guia na mão a tentar perceber o que é que é suposto não deixar de ver e apreciar. Esta gente julga o quê? Que Setúbal é Salzburgo? Viana do Castelo é Antuérpia? Que Lisboa é Viena? O Porto é Milão? Braga é Praga? Coimbra é Heidelberga? Évora é Nápoles? E Faro Barcelona? Já nem falei de Londres, Paris, Nova Iorque, Roma, Berlim, Madrid, Amsterdão...

Há uns anos chamaram cá (Cavaco Silva, o então PM) Michael Porter, o economista guru das Vantagens Competitivas das Nações para que elaborasse um relatório sobre as vantagens competitivas de Portugal. Claro que se pagou o relatório, que foi rapidamente engavetado e poucos políticos decisores o devem ter lido com alguma atenção crítica. Na altura da apresentação das conclusões lembro-me de se ter falado em alguns “clusters” para Portugal, nomeadamente o vinho, o turismo, cortiça. Será que este governo nas pessoas do Primeiro Ministro da Ministra da Cultura e do Secretário de Estado, estarão com vontade de repescar o “cluster” do turismo alargando e expandindo o seu âmbito em dimensões nunca anteriormente sonhadas? Se sim, desenganem-se, pois salvo uma pequeníssima minoria, ninguém vem a Portugal pela cultura. Vêm pelo clima, (que também é o que nos prende tanto cá) vêm pelo sol, pelo golfe, pela comida pelos friendly locals, mas pela cultura? Desenganem-se: a produção do S. Carlos, da Gulbenkian, da Casa da Música é para nós portugueses que vivemos cá e que não vamos (pelo menos como regra) ao Metropolitam, ao Scala, a Covent Garden ou à Opera Garnier (ou à Bastille). Se o que nos oferecerem esgota as salas é sinal que o mercado, sem turistas, aguenta mais oferta: ofereçam então que a procura é maior!

9.3.07

Uma ideia de Europa

Pandoraand The Flying Dutchman

Nos últimos anos está na moda falar em Caixa de Pandora nas mais variadas circunstâncias. Eu gosto da história de Pandora, a ideia de que algum dia todos segredos e todos os males possam ter estado fechados numa caixa é sedutora, tanto como é compreensível a curiosidade que levou a que se abrisse a caixa. Hoje, a propósito de um manual Europeu de História para o ensino, vem de novo a imagem de Pandora, mas parece-me que neste caso se trata não de abrir uma caixa, mas sim da intenção de fechar de novo os males e segredos numa caixa, ou seja num manual de História. A decisão de saber o que é um mal, um flagelo, um segredo, de saber quais os relevantes e em que proporções, de modo a não ferir susceptibilidades nacionalistas, étnicas ou políticas é que será interessante e seguramente objecto de clivagens, discórdias, desentendimentos. Os bons valores comuns europeus seriam exaltados e valorizados se se estudasse mais arte, mais escultura, mais pintura, mais arquitectura, mais música, mais literatura, mais teatro, mais ópera, mais mitologia, mais filosofia. Depressa se tornaria irrelevante a ideia de um manual de História comum.

4.3.07

Olhar perdido

No CCB no espectáculo Dido e Aeneas, de Purcell senti-me perdida: nunca sabia se havia de olhar para o grupo de bailarinos da frente, para o cantor solista do outro lado, se para os bailarinos atrás ou os outros cantores também algures no meio do palco. A tudo isto adicionamos as legendas, para confirmar em que parte vamos e o que dizem as personagens, e a orquestra. Muita confusão em palco, muitos actores (cantores e dançarinos) para as mesmas personagens, muitos adereços, muita roupa a voar a ser vestida e despida, e confesso, uma coreografia que apesar de ousada e original e de ter tido alguns momentos interessantes, nunca me pareceu cuidada, nem de forma alguma adequada a um bom desempenho vocal dos cantores que também não me entusiasmou apesar da qualidade dos solistas, Aurora Ugolin (mezzo-soprano) Dido e sobretudo Reuben Willcox (barítono) Eneias, assim como alguns bons momentos corais. Mas o excesso coreográfico não permitiu que a voz tivesse primazia, nem permitiu a tensão dramática, (o que um espectador procura numa ópera?), nomeadamente no dueto final da despedida de Eneias que foi banal. Também não senti com consistência a riqueza, a vibração e o encanto da música de Purcell que me pareceu sempre um pouco plana, apesar de alguns momentos interessantes como o dos solos das guitarras barrocas, do cravo, e alguns - não todos - dos momentos corais.

O Prelúdio com a água não passou de curioso e também um pouco confuso, sem que nunca conseguíssemos perceber bem os movimentos e sobretudo o porquê da opção. Já vi, num espectáculo “Lido” um momento aquático esteticamente superior e de coreografia mais trabalhada. Fica no entanto uma nota para um dos momentos mais curiosos e que me chamou a atenção: a forma simples e elegante como os bailarinos saem da água, se despem, secam e tornam a vestir no palco.

Um espectáculo ambicioso, mas que não me satisfez. No entanto, na noite da estreia, o público não poupou as palmas que foram muitas e com grande entusiasmo: eu fui uma excepção.

25.2.07

As Valquírias

Foi com sapatos assim e com outros acessórios bem escolhidos como capelines pretas e véus, quais viúvas em funerais, que as Valquírias ontem entraram em cena no S. Carlos e cantaram, na encenação de Graham Vick de “A Valquíria”, segunda Ópera da Tetralogia “ O Anel dos Nibelungos” de Riched Wagner, uma alegoria sobre o poder (e o amor, e a inveja, e a mortalidade, e o bem, e o mal, e...)

A encenação é ousada com o S. Carlos virado do avesso, mas a noite é memorável tal a intensidade e dramatismo da obra, música e libreto, bem interpretados quer pela orquestra quer pelos cantores. O palco enorme está sempre cheio, nunca sobra, nem mesmo nos momentos mais líricos em que só dois estão em palco. No entanto a noite é das Valquírias e no terceiro acto o palco transbordou quer em emoção, quer literalmente nomeadamente no Prelúdio e início da Primeira Cena onde é impossível não associar o efeito cénico e plástico à célebre cena dos helicópteros do Apocalypse Now, mas creio que hoje é impossível não o fazer. O meu destaque para as Sopranos Susan Bullock (Brünnhilde) e Anna-Katharina Behnke (Sieglinde) com valiosas interpretações. A última cantou descalça, mas a primeira cantou sempre em tacões altos e finos - tem toda a minha admiração por isso - com excepção dos momentos finais. A noite acabou tarde, mas noites destas dificilmente se esquecem. Para o ano há mais.

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