“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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10.5.07

O Véu Islâmico 5


Tenho grande dificuldade em olhar para o véu islâmico como se de um simples acessório de moda se tratasse, algo que hoje decido usar porque está frio e quero cobrir as orelhas, ou porque não fui ao cabeleireiro, ou porque fica tão bem com o cinto novo. Também me é difícil acreditar na livre vontade e na livre decisão de cada uma das mulheres que o usa. Não nego que algumas o façam com e em liberdade, mas são uma minoria, porque a maioria, em sociedades em que a religião é a Lei e em que a religião controla cada um e todos os aspectos que fazem uma vida, nunca tiveram condições para decidir livremente, nunca conheceram as diferentes opções, nunca consideraram alternativas. As únicas alternativas que conhecem são o “despudor” e o “pecado” do mundo ocidental tal como lhes é apresentado desde cedo nas escolas, nas mesquitas e em todos os meios de comunicação social.

Porque dificilmente consigo aliar livre arbítrio e “véu” islâmico, e porque, para mim, o “véu” é uma manifestação de identidade, de pertença, é um símbolo de uma forma de vida e de um tipo de sociedade que está nos antípodas do que acredito ser justo e desejável, confesso que os meus sentidos ficam em estado de alerta de cada vez que o “véu” e alguma polémica em torno dele chega à comunicação social. O caso da Turquia, que já aqui tenho referido em brevíssimas notas, é o último envolvendo os “véus”, neste caso os usados pelas mulheres do Primeiro-ministro e do Ministro dos Negócios Estrangeiros. Este é um assunto que segurei com atenção, sobretudo porque a recente discussão em torno dos conceitos de democracia e secularismo bem como a sua hierarquização, não me deixam tranquila, tantas são as questões que me suscitam, perante as certezas de tantos. Voltarei a este assunto.

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