“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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29.5.09

Do Escrutínio

Desde que nasceu que se tornou um sucesso de audiências e nunca mais deixou de se falar do Jornal Nacional 6ª. Porque persegue o Primeiro-ministro numa inaceitável caça ao Homem, porque pertence ao grupo dos que se dedicam à maledicência, ou porque Manuela Moura Guedes tem um estilo “irritante” e estridente, porque MMG é opinativa e agressiva, etc, etc. Uma coisa é certa, nenhuma televisão ou jornal faz um tão exaustivo e persistente trabalho de investigação ou mesmo de escrutínio. Só hoje soubemos – com a devida documentação que foi certamente encontrada fruto de trabalho de pesquisa da equipa do JN6 - da história do arquitecto do PS que, caso lhe fosse dado o projecto do Freeport, faria o processo avançar mais depressa; soubemos da contradição do PGR que diz uma coisa, mas que quando confrontado um pedido de cópia do ofício em que se regista o que ele afirma, já se contradiz; fomos confrontados com os pormenores, e a forma abrupta como terminou por não conseguir reunir provas, do processo disciplinar de que Lopes da Costa foi alvo no tempo de Fátima Felgueiras em que já aí houve “alegadas” pressões, e até vimos uma fotografia de um jornal local de um jantar que nem Lopes da Mota nem Fátima Felgueiras lembravam bem, em que estavam juntos e até fomos lembrados de como, apesar dos anúncios em contrário, o estado, pronto recebedor, continua a ser um péssimo pagador deixando empresas em situações muito difíceis. Percebemos pelo que ouvimos durante o Jornal nacional, e independentemente do estilo opinativo, algo impertinente e sempre provocatório da apresentadora que há por trás de cada peça e como seu suporte uma equipa séria que faz um exaustivo, e por isso incomodativo, trabalho de investigação. Este trabalho de investigação de ir aos locais, ver registos, procurar jornais velhos, ler processos, é a marca do JN6 que faz a diferença.

Não é o estilo da apresentadora que parece ser “bem” criticar, que faz a diferença, é a investigação, a procura da notícia e a persistência que tornam este jornal noticioso tão único em Portugal, onde quase nada diferencia um meio de comunicação de outro neste pântano informativo em que nos tornamos.

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