A ler José Pacheco Pereira no Público de hoje sobre o “falso” debate sobre a Europa, e do adormecimento perante o unanimismo.
(...) Todo este dinheiro atirado para cima de "acções de esclarecimento" nada tem de inocente. Contribui e muito para reforçar um falso debate, viciado à partida por ter um só lado. E um meio comunicacional já muito dependente de um aparente "consenso" europeu, que aliás reflecte o "consenso" político, ainda se torna mais pobre quando é manipulado por estas actividades. Na verdade, elas não são muito diferentes nos seus resultados, nas suas técnicas de "massagem do ego" (...) Não se trata de venialidade, mas de manipulação, e da moleza que vem da proximidade, do contacto, do grupismo, e, no fundo, da vaidade de se ter sido convidado e da vontade de responder à amabilidade do convidante. É um contrato invisível, mas é um contrato.
A propósito desta moleza não deixo de reparar como, de repente e bem visível no blogue Papa Myzena, os Passoscoelhistas se converteram (adaptaram, reconciliaram, querem lugares no parlamento, assessorias, nas consultorias, é mais uma questão de significado do que de significante....) ao mainstream do partido depois de todas as críticas e ataques a Manuela Ferreira Leite pelo que ela é, pelo que representa, pela forma de comunicar, pela forma de manter-se em silêncio quando nada tinha a dizer, pelas “gaffes” que tanto notaram, ridicularizaram e tanta visibilidade lhes deram, e pela escolha de Paulo Rangel para cabeça de lista às europeias. Eu sei que em tempo de guerra não se limpam armas, mas há algo que é difícil ignorar: por muito que o partido seja o mesmo e o sentido do voto seja o mesmo, a natureza das coisas não o é: isto é, as pessoas não o são. Passos Coelho (tal como José Sócrates) é de diferente natureza de Manuela Ferreira Leite. Mas parece que isso agora, já não conta.