“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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10.4.07

Notas de Viagem 2

Paris estava com sol e com árvores em flor. É uma cidade onde não posso dizer que me sinto em casa: demasiado bonita e numa escala demasiado grandiosa, mas é sempre um prazer visitá-la. De mapa na mão, os verdadeiros turistas não os dispensam, percorreram-se quilómetros a pé, de metro e de táxi para ver as belezas que a cidade nos reserva e tudo o que o turista tem de (re)ver. Ao fim de um dos dias uma subida até Montmartre e uma volta mais demorada na Place du Tertre: muitos artistas asiáticos, sobretudo retratistas a oferecerem os seus serviços aos turistas. Vi muitos retratos e, não sei se é só impressão minha, pareceram-me muito mais previsíveis do que eu tinha ideia de antes ter visto. Os retratos invariavelmente são mais “bonitos” do que os retratados: os lábios mais cheios, as maçãs dos rostos mais definidas, os olhos mais abertos e mais bem desenhados. Só vi um (que falava italiano) que fugia dessa excessiva normalização abonecada. Partindo do princípio de que a procura é que dita a oferta (e não do facto de os retratistas serem incompetentes) posso concluir que os clientes (sobretudo do sexo feminino) preferem ver-se mais “bonitos” de lábios mais cheios e olhos mais abertos.

No Quai Voltaire, não muito longe da livraria Shakespeare & Company, estava um artista a vender os seus desenhos e aguarelas. Muito mais cuidados e interessantes do que o que vi em Montmartre.

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