“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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21.4.07

O Verbo

Há neste nosso país uma prática que muito me irrita e que considero prova provada de saloiismo e arivismo. É a prática de, mantendo tudo mais ou menos na mesma, nomear de novo a coisa. Nomear no sentido de dar um nome, um novo nome, e no sentido do marketing moderno de dar uma nova imagem ao produto: mudando logótipos, cenários, etc. Se posso perceber que se faça isso ao OMO, ou às fraldas Dodots, como uma nova campanha de marketing, atribuindo-lhes novas propriedades anti-nódoas ou anti rabinhos assados, frutos de complexas descobertas científicas recentes, já não percebo que se faça o mesmo com produtos que não sejam bens de consumo desse tipo. Exemplifico: o novo nome do segundo canal da RTP, que volta ao mais inicial RTP2, depois de já ter sido “2:”, as vezes que a RTP já mudou de logótipo e “imagem”, ou o exemplo de “Os Dias da Música, em Belém” em vez do original “Festa da Música” (promovido pelo CCB): será que o que alterou é assim tão importante que justifique uma alteração do nome? Parece absolutamente mais do mesmo - e eu até gosto do produto, mas não é isso que está em causa.

Esta mania de mudar o nome das coisas (que se mantêm iguais) só porque muda uma administração, um director geral, ou mesmo um ministro, intriga-me e irrita-me. Será que através do “nomear” o nomeador pretende deixar uma marca que eternize a sua passagem? Se não, o que é que justifica esta ânsia de nomeação? Mudar para que tudo fique na mesma...

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