Manuela Ferreira Leite fez mal em explicar-se. Um dos pilares da democracia assenta no voto secreto, e um dos pilares da liberdade individual é, no nosso silêncio e solidão, podermos votar sem ter que dizer, explicar ou justificar em quem ou porquê, e esta premissa é válida para todo e qualquer cidadão incluindo os militantes partidários, os líderes dos partidos que foram, são ou hão-de ser.
Honestamente não percebo porque é que o “obviamente não respondo de MFL” causou tanta indignação, nem tão pouco percebo porque é que ela tem sido tão criticada, por tantos sectores, todos eles amantes de valores como a liberdade, liberalismo, individualismo e outras palavras da mesma área semântica. Em nome de quê, é que ela, ou outro qualquer cidadão tem que revelar o seu voto. Será que não se reconhece a MFL o direito de votar como quer, como a sua consciencia dita, como a sua razão recomenda, como o seu ímpeto condiciona? Não terá ela, ou outro qualquer cidadão o direito de, pertencendo a um partido, votar noutro porque isto, porque aquilo ou simplesmente porque sim? Não é isso uma face da liberdade individual que todos os dias reclamamos a propósito de tudo e de nada? Porque é que tem ela, mesmo pertencendo a um partido político, repito, que revelar ou explicar o que deveria ser uma opção individual e secreta? Ou será que a liberdade tem condições pesos e medidas diferentes conforme os casos?