Ontem escrevi aqui sobre o facto de Victor Constâncio já ter sido ultrapassado pela realidade. Não é só ele que padece desse mal. Parece ser um mal geral que mina não só os governadores como os governantes bem como muitos presidentes de conselho de administração ou Accionistas principais. A realidade costuma ser diferente daquilo que são as expectativas sobretudo para quem só e sempre espera mais benefícios, mais lucros, mais votos. A vida raramente é só “mais”. Muitas vezes é “menos” e essa é a verdade crua e nua que tanto custa ver, sobretudo para quem vive em constante ilusão de que pode criar a realidade. Ver o governo a fazer um orçamento é ver o governo a esperar “mais” e não a perceber que este ano é “menos”. Manuela Ferreira Leite ontem foi explícita em relação à incapacidade do governo de ver e de ler os factos gerando por isso um orçamento de pouco rigor e irrealista.
José Sócrates crê criar a realidade em Portugal e trabalha na ilusão de que a cria, mas a sua é uma realidade feita como quem faz um parque temático. Entra-se num mundo de fantasia - que neste caso pouco diverte. Meia dúzia de cenários e recriações pensados para seduzir o cliente, palavras e discurso chamativos que entusiasmam e criam ilusões, máquinas cheias de efeitos especiais, outras de fazer vertigem, e no meio de toda a euforia criativa que se gera esquece-se o mundo lá fora. Sócrates governa esse parque temático chamado Portugal: tem TGV, tem Magalhães, tem Simplex, tem Aeroporto, tem Plataforma contra a Obesidade, tem novas Oportunidades, tem polícias e ASAE a trabalhar por objectivos, tem nacionalizações de bancos, tem museus Africa cont. e muito muito mais num mix completo de entretenimento com posters de Allgarve e de West Coast of Europe onde as prioridades políticas e a visão para o país são pouco percebidas e parecem reduzidas a um conjunto de funções e a vontade sequer de conceber uma política se esvai no espectáculo permanente. O problema acontece de cada vez que se sai desse parque temático e se experimenta o mundo real, na forma de manifestações, greves, críticas, a rara comunicação social indomável, o mal estar social, o consumo que desce, os números económicos cada vez mais pessimistas, a economia mundial a desacelerar, os mercados que teimam em não mostrar confiança (chatice!), as previsões económicas, o desemprego, o congresso do PCP. Este é o mundo os políticos teimam em não (re)conhecer pois é muito mais incómodo do que o mundo fantasia do parque temático onde tudo é melhor porque as taxas de juro descem. Como se o mundo fosse assim tão simples.
José Sócrates crê criar a realidade em Portugal e trabalha na ilusão de que a cria, mas a sua é uma realidade feita como quem faz um parque temático. Entra-se num mundo de fantasia - que neste caso pouco diverte. Meia dúzia de cenários e recriações pensados para seduzir o cliente, palavras e discurso chamativos que entusiasmam e criam ilusões, máquinas cheias de efeitos especiais, outras de fazer vertigem, e no meio de toda a euforia criativa que se gera esquece-se o mundo lá fora. Sócrates governa esse parque temático chamado Portugal: tem TGV, tem Magalhães, tem Simplex, tem Aeroporto, tem Plataforma contra a Obesidade, tem novas Oportunidades, tem polícias e ASAE a trabalhar por objectivos, tem nacionalizações de bancos, tem museus Africa cont. e muito muito mais num mix completo de entretenimento com posters de Allgarve e de West Coast of Europe onde as prioridades políticas e a visão para o país são pouco percebidas e parecem reduzidas a um conjunto de funções e a vontade sequer de conceber uma política se esvai no espectáculo permanente. O problema acontece de cada vez que se sai desse parque temático e se experimenta o mundo real, na forma de manifestações, greves, críticas, a rara comunicação social indomável, o mal estar social, o consumo que desce, os números económicos cada vez mais pessimistas, a economia mundial a desacelerar, os mercados que teimam em não mostrar confiança (chatice!), as previsões económicas, o desemprego, o congresso do PCP. Este é o mundo os políticos teimam em não (re)conhecer pois é muito mais incómodo do que o mundo fantasia do parque temático onde tudo é melhor porque as taxas de juro descem. Como se o mundo fosse assim tão simples.