“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
holehorror.at.gmail.com

22.4.09



Fiquei ontem na dúvida (na entrevista da RTP ao Primeiro-ministro) sobre quem estaria mais incomodado por ter que abordar o caso Freeport, se os jornalistas se José Sócrates. De olhar cerrado e postura entre o ausente e o glaciar colocaram as questões como quem cumpre um guião (ou como quem cumpre uma pena?). Nem mais. O que foi manifestamente “menos” para quem ouviu. O Primeiro-ministro de Portugal só disse o que tinha ensaiado e só falou do que quis.

Uma das piores características do nosso Primeiro-ministro José Sócrates é tomar-nos por parvos, e tomarem-me por parva é, parafraseando Pinheiro de Azevedo, “uma coisa que me chateia”. Toda a entrevista se pautou por um ar falsamente ingénuo e espantado que com a maior naturalidade e desplante nega evidências (por exemplo, o PR não falou para o governo porque estamos em consonância) e também não esqueceu o seu “momento Chavez” ao anunciar o reforço do subsidio social assim como quem passa a mão pelo pêlo afagando o eleitor. Já são quatro anos de deliberadamente distorcer e contorcer a verdade e de querer enganar com frases feitas em laboratório, e medidas costuradas em patchwork com o retalho que na altura vier calhar à mão.

Adenda, e ainda sobre a entrevista do Primeiro-ministro:
Deixando comentários mais profundos de lado, eu bem gostava de saber a que obras é que o nosso primeiro-ministro se referia, na entrevista de hoje à RTP, quando falava de “livros da literatura da América Latina onde se viam organizar processos contra políticos”? É que, mesmo depois de dar várias voltas à cabeça, não percebi. É uma espécie particular à América Latina? Há alguma obra imorredoira, superior a todas as outras, por lá produzida sobre a matéria? Alguém me ajuda?
Paulo Tunhas no Cachimbo de Magritte

Também eu reparei nessa referência "cultural" e, por um momento tentei perceber que obra o PM teria em mente. A única explicação que encontro é a de confundir o conceito de "República das Bananas" com "Literatura Latino-Americana". Será?
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