“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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25.1.08

A Guerra de Charlie Wilson

Ou Jogos de Poder (numa pouco feliz tradução)

Este é um filme tipicamente americano. Um bom filme, daqueles que os americanos sabem fazer, com uns momentos maus também daqueles que os americanos fazem bem. O Afganistão é o palco da intriga política - baseada em factos reais, e olha para um aspecto da política internacional norte americana com os olhos de quem hoje já sabe “no que deu”. Não é isso que é interessante, o que é interessante são os mecanismos que obrigaram, fizeram e construiram essa política e neste aspecto o filme é uma reflexão desapaixonada e muito verosímil. A narrativa escorre a bom ritmo e à boa maneira de holywood, com bons diálogos e com boas prestações dos actores: Tom Hanks, Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams estão ao melhor nível. O único senão, são algumas das cenas no Oriente, nomeadamente porque a pior, a pouco convincente, mal feita e algo básica e redutora, cena no campo de refugiados afgãos onde Charlie Wilson vai e se “converte” à causa talibã contra os soviéticos. Estes momentos simplistas em que o mundo é dividido em maus e bons, em causas e efeitos – o momento final sobre a opção da não ajuda para construção de escolas, por exemplo, são o grande senão do filme. Alguns sentimentalismos fáceis nessas cenas eram também escusados, e esses momentos menos apurados impedem que se diga que o filme é óptimo. Mesmo assim, gostei de ver.

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