A imaginação criatividade e flexibilidade linguística brasileira atinge o seu auge na hora de nomear, e isso nota-se na hora de nomear os seus filhos tendo os brasileiros um leque de nomes próprios capaz de espantar qualquer espírito. Contracções entre dois nomes, trocas de letras, sílabas, anglicismos, são algumas das técnicas usadas para construir um novo nome, algo que os enche de orgulho. Nada que não soubesse, mas estar lá e ouvi-los chamarem-se uns aos outros é um exercício constante de decifração e mesmo memorização se queremos não ter dificuldade em lembrar o nome momentos depois. Élida, Nedmilson, Sue Ellen, Jaquinho são alguns exemplos que lembro graças ao mais notável e fiável exercício de memorização: escrever os nomes num papel.
“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
holehorror.at.gmail.com
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12.4.08
Crónica Da Vida Num Resort 3
Perante este universo delirante de nomes próprios estive quase uma semana sem coragem para interpelar o Eduardo e lhe perguntar porque é que ele era Eduardo, tão simplesmente Eduardo e não Eliduardo ou Gilduardo ou Neduardo. No penúltimo dia ganhei coragem de o fazer. Ele riu-se e disse que os pais deviam ter esgotado toda a sua imaginação ao nomearem a irmã, e que deviam ter querido fugir da letra “v”. Pedi as explicações que ele deu pronta e divertidamente: a irmã é Vanadécia (aposto que não há mais ninguém com este nome em todo o mundo, disse ele), a mãe Vandette e a tia Vanette, e eu Eduardo; também tenho um tio, continuou divertido, a quem o pai, um fanático de desporto quis pôr o nome de Esporte ao filho, mas a conservatória não deixou, por isso ele optou por Philips. Neste momento riamos e ele continuou dando mais alguns exemplos fantásticos de nomes. Apartir daí perdi a vergonha e interpelei mais duas pessoas de nome normal: a Ana Maria deu graças a Deus por ter um nome normal e ter tido pais que não tentaram nada de exótico, mas a Eva desgostosa de ter um nome tão banal e depois de me ter dito os exóticos nomes dos irmãos e irmãs (que já não lembro, pois não escrevi logo no papel) e das três filhas, confessou que o seu maior desgosto era ter um nome tão pequeno, tão pequeno que nem dava para ter “apelido” como toda a gente.
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