Não me lembro de um acto, decisão, medida política de Zapatero de que tenha gostado. Mas de repente e sem pensar muito daria uma lista exaustiva de actos decisões, medidas, tomadas de posição, prioridades políticas, de que discordei. Tal como com o conteúdo político, não gosto do seu estilo, desse constante bicos de pés que se vê na vontade de estar sempre na crista da onda politicamente correcta tudo muito bem planeado pelos profissionais do marketing comunicacional político. Mas hoje – acreditando que estas nomeações não têm como único objectivo colocarem Zapatero num patamar mais alto do politicamente correcto – tenho que confessar que o admiro pela escolha de tantas ministras e muito particularmente pela ousadia de ter nomeado uma Ministra da Defesa grávida. Ver uma mulher grávida Ministra a passar revista às tropas é uma imagem carregada de simbolismo à qual, enquanto mulher, é difícil ficar indiferente.
Num mundo em que as mulheres políticas em cargos de maior responsabilidade tendem ainda a ter como modelo Margaret Thatcher e a ser, como tantas vezes se comenta, mais homens do que os homens, pela determinação, força e exigência, dá gosto ver uma mulher política no auge da sua feminilidade: redonda, com estrogénio e progesterona no seu máximo e com roupa feminina tal como a sua condição exige. Final de gravidez, parto, aleitamento, e a respectiva montanha russa hormonal, eis o que espera a Ministra da Defesa espanhola e, como se isso fosse incompatível com o exercício de qualquer cargo de responsabilidade, eis os medos e tabus (tão previsíveis, afinal) por trás das críticas que têm sido feitas a esta escolha de Zapatero. Se não, eu não percebi mesmo o que é que se critica com esta nomeação: a nomeada aparentemente ter competência e curriculum? Ser socialista? Ser Mulher? Estar grávida?