Qualificar como “delirante” a ideia de um plano de controle dos media é um acto político pouco consistente: primeiro porque mostra a sua fragilidade actual na necessidade de contra atacar, no matter what, e depois porque mostra, mais uma vez a dificuldade em encontrar argumentos capazes de colocar um ponto final na questão da tentativa de manipulação dos media, bem como argumentos que contradigam as legítimas ilações que a oposição tira face aos fortíssimos indícios (ver jornal Sol, por exemplo) que a pouco e pouco vão sendo revelados, e aos factos (saída de Manuela Moura Guedes, entre outros) já amplamente conhecidos. José Sócrates é perito em se envolver em situações pouco claras que a imprensa vai desvendando e tem deixado sempre um rasto de suspeição atrás de si que nunca é possível limpar totalmente. Ele é vítima de si próprio, dos seus métodos e companhias (como disse António Lobo Xavier ontem na Quadratura do Círculo) e acrescentaria, da sua falta de contacto com a realidade que o leva a desconhecer o país, e mesmo as suas limitações: suas, e dos “seus”.
A comunicação ao país ontem do Primeiro-ministro é mais do mesmo; igual a todas as outras. Insiste em tomar-nos por parvos – característica que inevitavelmente se virará contra ele – iludindo esclarecimentos, brincando com palavras, mostrando–se, como já é hábito, vítima de insinuações, calúnias e mentiras. Fica-nos a sensação do pouco que governa, nada de novo, portanto.