“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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24.1.10

Up in the Air


“Nas Nuvens” transporta-nos muito pouco para “as nuvens” e muito para um mundo ácido, muito vazio e solitário. Aliás a tradução de “Up in the Air” para “Nas Nuvens” pode prestar-se a algum equívoco, uma vez que “estar nas nuvens” é uma expressão que, em português, descreve uma sensação ou um sentimento de contentamento, algo alheio ao espírito do filme. Já o vi descrito como uma comédia, mas o riso que provoca, se é que o provoca, é amargo e todo o filme tem uma presente, embora nem sempre explícita, dimensão de hostilidade que causa estranheza e incómodo. Algumas cenas deste filme inteligente são memoráveis, as personagens também, a de Clooney (sim, confirma-se mais uma vez: é um excelente actor) e as femininas que são muito bem (re)tratadas e interpretadas, e que expõem a supremacia da imagem, da aparência e da eficiência do mundo que retrata e que, inevitavelmente, cada vez mais nos é familiar. As personagens se por um lado criam esse mundo, por outro vêem-se também, num momento ou noutro, reféns dele. E... O melhor é mesmo ver o filme.

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