“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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16.1.10

Um Estilo

Não quero, não consigo e não gosto do “estilo” José Sócrates. Ontem, na AR, aquele que sistematicamente se diz vítima de calúnias e ataques pessoais foi, mais uma vez, deselegante no seu ataque à líder do PSD - a propósito do PEC - com pequenas e maldosas, insinuações do género: “É tudo muito simples para quem já desistiu de liderar (...) e para quem quer ir embora” (ver aqui). Isto porque Manuela Ferreira Leite ousou desmontar o “estilo”, a forma de fazer política e a má-fé do governo ao denunciar o anúncio diário de medidas com implicações orçamentais antes da discussão orçamental. José Sócrates está muito enganado: MFL não é do “género” de desistir, e não o faz, sendo contundente nas suas intervenções e sempre presente no cenário da discussão política nacional, pese este facto a muitos, nomeadamente e especialmente a um sector do PSD que minimiza as suas intervenções pois gostaria que ela se tivesse demitido do cargo para que foi eleita no dia seguinte às eleições legislativas.

MFL, como sempre, esteve certeira, mas nunca na comunicação social as suas palavras encontram o eco que merecem. Mesmo não gostando dela, do seu "estilo", mesmo achando-a sem jeito e sem piada, mesmo achando a “velha” (mas já Manuel Alegre, esse, não é “velho”), as suas intervenções enquanto líder da oposição mereceriam, numa sociedade menos “asfixiada comunicacionalmente”, destaque e discussão. De facto, neste mundo pateta, é melhor ser engraçado do que ter graça.

O líder do CDS foi oportuno ao dizer que “quando se negoceia, não se ameaça”, pois estar num processo negocial ameaçando é mais uma prova (como se precisássemos de mais) deste “estilo” que transpira má-fé e muito “à Sócrates”. Primeiro, e pela voz do seu ministro das Finanças, tenta condicionar o PSD e o CDS ameaçando uma subida de impostos caso este mantenha na mesa negocial a proposta do fim do PEC e a revisão da Lei sobre as Finanças Regionais.”. Num momento posterior, e porque a ideia de subida de impostos começa a ser em Portugal e finalmente, cada vez menos popular e cada vez mais olhada com desconfiança, José Sócrates “explica” que o governo não “quer” aumentar impostos e, vitimizando-se (outra das faces do “estilo”) diz que o governo é que está refém das votações da AR.

Tempos difíceis se adivinham, sobretudo para o PSD, nesta fase negocial sobre o orçamento com este governo liderado por José Sócrates, e que, em bom rigor, não sei se deveria ou não ser viabilizado. Sobrará sempre para o PSD. Será preso por ter cão e preso por não ter.

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