Por isso saúdo o fim da conflitualidade entre o governo e os professores. Dizem que o óptimo é inimigo do bom, e acredito que este acordo não seja o ideal para nenhuma das partes, mas foi o possível e creio que o facto de se declarar findo o período hostil é, só por si, uma coisa boa para a sociedade em geral e para as escolas em particular. Acredito também que ambas as partes estivessem interessadas e empenhadas em procurar um acordo e o bom senso impôs-se, depois de anos de finca-pé e de inabilidades. Ainda bem.
Depois de tranquilizado o ambiente na educação, talvez fosse uma boa ideia dar alguns passos em frente e trabalhar em duas ou três ideias de fundo (que não são novas e às quais já me referi noutras ocasiões) para melhorar a educação em Portugal. Primeiro, reduzir a burocracia, o excesso de relatórios e da tanta papelada a que os professores hoje estão sujeitos e que rouba tempo aos professores cuja prioridade deveria estar centrada no ensino e na sala de aula.
Em segundo lugar, dar uma maior autonomia às escolas, quer na contratação de pessoal docente, quer no estabelecimento de regulamentos internos próprios, nomeadamente no que se refere à forma de lidar com a indisciplina, quer no desenvolvimento de projectos curriculares próprios (já nem ouso falar na definição dos programas a leccionar, e das disciplinas instituídas).
Em terceiro lugar ousar algo de importante para a credibilização do ensino: a separação institucional (uma privatização, por exemplo) da tarefa de avaliação dos alunos da tutela do Ministério da Educação, medida que me parece fundamental para uma avaliação realmente independente das circunstâncias e das pressões políticas (anos eleitorais, necessidade de melhorar as estatísticas de sucesso escolar, etc) e mais consistente.