“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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12.2.09

Doubt

Por vezes parecia que estava a ver um filme de acção: suspirava de alívio de cada vez que terminava um diálogo, tal a tensão dramática e a atenção que eles requeriam. Todos os detalhes contam: o cenário, os gestos, os tempos de fazer o que se faz, ou de dizer o que se diz, a expressão da cara que os inúmeros primeiros planos ajudam a decifrar. Outro filme feito para ver os actores brilharem e eles brilham. Todos eles o que é também um claro sinal de mérito do realizador.

Tudo se passa em pouco tempo e em pouco espaço. Grandes dúvidas, grandes certezas, algumas hesitações. “Kindness” contra “virtue”. Complacência contra determinação. Tolerância contra intolerância. O que é a verdade, onde está a verdade. Todos estes tópicos fluem inteligentemente, evitando slogans, verdades pré-fabricadas ou politicamente correctas, polémicas fracturantes e sentimentalismos fáceis, num ambiente depurado quer do ponto de vista formal quer psicológico. Cada diálogo é uma luta entre verdades num pano de fundo de catolicismo. Para nosso desafio e deleite neste filme não há um minuto perdido, e vê-se avidamente sem sentir o tempo passar.
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