“… he resolved never again to kiss earth for any god or man. This decision, however, made a hole in him, a vacancy…” Salman Rushdie in Midnight’s Children.
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24.2.09

The Private Patient


And at last he knew the truth about those two deaths. Perhaps Philip Kershaw had been right: there was an arrogance in wanting always to know the truth, particularly the truth about human motives, the mysterious working of another’s mind. (…) The case would be close and his responsibilities over. There was nothing further he could do, or wanted to do.

Like every investigation, this one would leave him with memories, people who would, without any particular wish on his part, establish themselves as silent presences in his mind and thoughts for years but who could be brought to life by a place, a stranger’s face, a voice. He had no wish regularly to relive the past but these brief visitations left him curious to know why particular people where lodge in his memory and what their lives had become. They were seldom the most important of the investigations and he thought he knew which people from the past week would remain in memory.


P. D. James, The Private Patient

Creio que posso afirmar que os romances de P. D. James são praticamente os únicos policiais que hoje em dia leio e aguardo sempre com impaciência que saia mais um. É difícil ser indiferente ao misterioso poeta e inspector Adam Dalgliesh e à sua equipa de colaboradores. P.D. James desenha magnificamente todas as personagens dos seus romances, todas elas são ricas e cheias de vida, e nem as suas perversões ou impulsos mais negros nos são poupados, o que dificulta a tarefa de perceber quem é o criminoso do crime investigado. No entanto James põe especial empenho e cuidado, diria mesmo carinho, nas personagens que ao longo das investigações - romances - nos acompanham sempre, a equipa de investigadores. Sem nos darmos conta nós, fieis leitores, ficamos subtilmente envolvidos nas suas aspirações, dúvidas, memórias e medos, tecendo-se uma estranha teia, porque nunca óbvia, de romance em romance, de implícita cumplicidade. Tudo feito com uma elegância e objectividade ímpar. Os seus romances, na medida do possível, devem ser lidos por ordem cronológica para que este elo frágil e subtil, mas presente ao fim dos tempos não se perca.

P. D. James, para mim, superou-se em Devices and Desires (que belo título), e pensei que dificilmente manteria o mesmo nível. Enganei-me redondamente. Para encanto de todos continua a escrever autênticos romances que, por acaso, são policiais. A sua escrita rica, mas precisa e elegante, os seus retratos psicológicos, o seu instinto para a intriga e a sua capacidade para criar momentos de suspense e terror são únicos, e mantêm-nos interessados e atentos da primeira à última linha. The Private Patient é disso o mais recente exemplo. Agora já estou à espera do próximo romance.
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