Como eu receio vozes moralizadores, sobretudo vindas do Estado e dos políticos. Agora, numa declaração que é mais uma desavergonhada medida propagandística e eleitoralista, Teixeira dos Santos fala da limitação dos salários dos quadros superiores dos bancos que recorram às garantias do Estado, e fala da legitimidade do Estado em ter uma voz – que eu diria moralizadora – nesse domínio. Malhar nos ricos, legitimando que salte cá para fora esse sentimento mesquinho mas poderoso que é a inveja, e que jaz latente em todos os pobres de espírito que aspirando a ser ricos nunca conseguiram ou puderam, foi sempre fácil e os nossos governantes perceberam-no bem: não faltam palavras de ordem e slogans sonantes e que colem facilmente ao ouvido (oh, delícia das delícias) bem como frases finas, elegantemente construídas e de aparente subtileza ideológica para deleite dos intelectuais. Malhar nos ricos moralizando a sociedade e a política: oh prazer dos prazeres, sublime desígnio político, que o diga o Presidente Chavez inspirador e amigo dos nossos governantes: puxando à inveja, chafurdemos todos pois no caldo medíocre do igualitarismo, enalteçamos os sentimentos básicos das justiças populares e das vozes moralazadoras. Depois da ressaca da festança, pagaremos todos caro por tais desvarios. Todos?
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