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15.5.10
Bento XVI em Portugal 4

Vaidade e Orgulho
12.5.10
Bento XVI em Portugal 2

9.5.10
Bento XVI em Portugal

26.4.10
Conversas de Café e Brainstorming
3.10.07

O Cardeal Patriarca sobre o Diploma que prevê o fim das Capelanias nos hospitais. Interessante este excerto: “são as capelanias católicas que têm chamado ministros de outras religiões”, mostrando quão longe está o governo legislador da realidade vivida nos hospitais. Na sua perspectiva, os hospitais devem ter “um serviço de capelania ecuménica”, mas que atenda à dimensão da Igreja Católica.
Entretanto noutras partes do planeta, na Birmânia, descobre-se uma realidade que preferíamos não ter que saber. Thousands of protesters and monks missing in secret gulag of the generals.
2.10.07
Hospitais, Capelanias e Anti-Clericais 3
Ao considerar que, por defeito, o doente no hospital tem direito a assistência espiritual, há que saber como providenciá-la. Admito que esta questão hoje, devido a uma maior multi-culturalidade da nossa sociedade, se coloque de forma diferente daquela que se colocava há vinte ou trinta anos atrás. Se, parece ainda fazer sentido a manutenção de um capelão Católico (porque o catolicismo é maioritário) de acordo com as necessidades e tamanho (número de camas) e tipo de hospital, percebo a necessidade de haver uma ligação a outros assistentes espirituais de outras religiões, e porque não a assistentes espirituais sem ligação a nenhuma estrutura religiosa (existem e são úteis nomeadamente para cépticos que no entanto “se questionam”). Terá que haver sensibilidade suficiente de quem coordena tal apoio para que, mesmo em situações de carência de um ou outro representante da religião professada pelo doente, quem lá esteja saiba despojar-se e abrir-se às necessidades do doente. O argumento de que há padres que abusam da sua situação, que tentam impor sacramentos ou tentar conversões (a sério? Ainda há disso hoje?) é igual ao argumento de que o médico foi insensível ou fez um mau diagnóstico, ou de que o enfermeiro é desatento e descuidado, e não é por isso que se prescinde dos benefícios nem da medicina nem dos cuidados dos enfermeiros. As reclamações terão ser feitas a quem de direito, sobre médicos, enfermeiros, auxiliares, recepcionistas ou capelães. Nem mais nem menos.
1.10.07
Hospitais, Capelanias e Anti-Clericais 2
De acordo com o que tenho lido na comunicação social sobre o projecto-lei do Governo sobre a questão dos capelães católicos nos hospitais, a proposta parece ir no sentido de o doente, quando é admitido no hospital solicitar assistência religiosa de acordo com a religião que professa e pratica, de acordo com a sua fé e com a sua vontade. Ora um doente ao ser admitido num hospital não está, muitas vezes, na posse de todos os dados referentes à sua situação clínica ou mesmo à sua evolução que pode ser imprevisível ou modificar-se em relação ao que ele esperava. Se é verdade que hoje se passa cada vez menos tempo no hospital, e que os internamentos são tão curtos quanto possível, também é verdade que aí se passam muitos dos momentos mais significativos e marcantes da vida de cada um e dos seus e que no meio de mudança, imprevisibilidade e sempre pairando no ar bem ao fundo a morte, a pessoa muda. As certezas mudam, as incertezas também. As prioridades reorganizam-se, os anseios também. E o que é um facto é que no momento em que se é admitido num hospital, ninguém sabe realmente o que vai acontecer durante a estadia, nem sabe de certeza em que condições vai sair, nem tão pouco se vai sair. Nesta encruzilhada de incertezas e fragilidades o doente, independentemente do credo religioso que professe ou mesmo que não professe nenhum, tem um sentido espiritual mais apurado do que noutras circunstâncias, mesmo quando nega a dimensão religiosa. No nosso, país com a nossa cultura, essa ânsia espiritual, tem normalmente como expressão visível uma aproximação aos sacramentos da religião Católica, mas essa é uma das possíveis expressões de religiosidade ou simplesmente de espiritualidade, mesmo que o doente nem se dê conta disso. Um capelão aberto ao outro, ou alguém com experiência nessa área de aconselhamento espiritual sabe detectar esses sinais.
Os doentes têm direito a essa assistência e têm direito a saber que ela existe, que está ali, que é só estender a mão que ela lhe é dada. Que não é preciso uma decisão racional, uma declaração de intenções, ou uma clara expressão de vontade em tê-la. Se se dependesse da vontade expressa do doente, muitos que tiveram o apoio ou a ajuda desse aconselhamento sem o terem solicitado, mas só porque lá apareceu alguém para eles e para lhes dar um momento de atenção, não o teriam tido. Dito isto, creio que a vontade expressa terá de ir no sentido oposto: no sentido de não querer essa presença ou esse apoio espiritual. O direito a tê-lo terá sempre de ser mais fácil, e mais natural - porque decorre da natureza humana e da natureza das circunstâncias e porque a sombra da morte não deixa indiferente - do que o direito a não o ter que é seguramente legitimo e deve ser respeitado. Este princípio é violado neste projecto-Lei. A laicidade de um estado não pode esconder a face religiosa da sua população.
(Continua)
30.9.07
Hospitais, Capelanias e Anti-Clericais 1
Apesar de não conhecer em detalhe o tipo de funcionamento das capelanias nos hospitais, as obrigações contratuais de ambas as partes, os custos e mesmo a pertinência da manutenção do modelo de serviço tal qual ele é prestado hoje, quase em exclusividade – senão em exclusividade total pela Igreja Católica, admito desde já a necessidade de que seja revisto e de que haja aspectos obsoletos e desajustados à realidade do Portugal de hoje que necessitem de reformulação. Sou também inequivocamente partidária de um estado laico e da rigorosa separação entre a religião (seja ela qual for) e o poder político e a sociedade. O que continuo a não entender é que para alguns sectores conservadores, sim que o anti-clericalismo e a bandeira da laicidade do Estado num país como o nosso e nos dias de hoje parece-me uma posição muito conservadora que terá tido a sua justificação noutros momentos da História, se confunda laicidade com uma recusa cega em aceitar a religiosidade de uma população e um sentimento religioso maioritário numa sociedade. Nesta semana que passou o debate sobre a proposta do governo de alterar o funcionamento das capelanias e assistência espiritual nos Hospitais trouxe tais sentimentos anti-clericais à tona na comunicação social e nalguns blogues nomeadamente aqui, aqui e aqui.
Um estado laico não pode ser nem surdo nem cego perante a realidade religiosa de um país. Esta realidade não é só feita da fé, por muito que os sectores mais conservadores da Igreja o pretendam, é feita muito e talvez sobretudo de uma realidade cultural. Se só se casasse pela Igreja quem tem fé, se só participasse nas diversas órbitas da Igreja quem tem realmente fé, teríamos ainda menos católicos praticantes e fieis aos sacramentos do que temos hoje. O aspecto religioso é bem mais complexo, amplo e vasto e está enraizado na nossa cultura e é impressão digital da nossa civilização (ver aqui). Ao minimizar ou negar este facto o anti-clericalismo está, ao contrário do que pensa, a ser faccioso e não isento, pois ignora a liberdade individual de ser religioso da forma que bem se entenda, nomeadamente de ser um mau religioso, um religioso assim assim, de não acreditar muito, mas sentir-se melhor com a imagem de N. Senhora de Fátima ao lado, de não concordar com a confissão, mas gostar de saber que se quiser tem uma igreja aqui e um padre ali, de nem se dar ao trabalho de ir à missa ou jejuar duas vezes por ano, mas dar sempre 50 Euros para as festas do santo da terrinha e queimar umas velas, de só se lembrar de Santa Bárbara quando troveja, mas de chamar um padre para benzer a casa, o barco, a nova fábrica, a nova escola. Outra característica do anti-clericalismo é uma obediência ao politicamente correcto actual tentando sempre uma espécie de humilhação ou subalternização da Igreja Católica ao pretender que em Portugal todas as religiões têm a mesma expressão, a mesma importância e relevância social, intelectual, afectiva e simplesmente numérica. Não têm como todos bem sabemos.
(Continua)
12.9.07

(Actualização)
Hoje nos telejornais um país cada vez mais igual a si próprio:
Mais entregas de computadores portáteis pela mão do Primeiro-ministro e de outros ministros. José Sócrates fê-lo numa escola de Oeiras que só começa as aulas na segunda-feira, ao lado de Isaltino de Morais. Interessante.
Um mínimo de 15 minutos com o caso “Madeleine”. Ainda se consegue dizer tanto sobre esse caso?
7.9.07
A Porta Estreita
A recente revelação de cartas de Madre Teresa de Calcutá em que ela dá conta das suas profundas dúvidas e crises de fé, tem sido alvo de comentários mais ou menos jocosos, sobretudo vindos de sectores mais agnósticos, ateus e anti-clericais. Eu sempre senti alguma divertida perplexidade pelo fascínio que os assuntos quer de fé, quer de doutrina, quer litúrgicos relacionados com a Igreja Católica exercem naqueles que estando fora nunca se cansam de os comentar e na persistência com que o fazem. Muitas vezes, se não quase sempre, os comentários são baseados em ignorância pura e dura, o que não é de admirar, e outras vezes chegam mesmo a ser tingidos de má-fé.
Não me vou alongar sobre a milenar tradição de dúvidas, crises pessoais e crises de fé, nomeadamente, porque mais “visíveis”, dos Santos Canonizados e mesmo de muitos Doutores da Igreja. Nem me demorarei sobre questões de fé que se prendem com o livre arbítrio. No entanto citarei as recentes palavras de Bento XVI no Angelus a 26 de Agosto, um texto curto e fácil. À pergunta "Senhor, são poucos os que se salvam?" a resposta de Jesus é: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13, 23-24). Depois, mais adiante, o Papa destaca muito claramente e sem hesitações nem excepções, nem casos especiais, nem outras considerações supérfluas, os critérios ou o “passaporte” para entrar na vida eterna: a bondade do coração, com a humildade, com a mansidão e a misericórdia, o amor pela justiça e a verdade, o compromisso sincero e honesto pela paz e pela reconciliação. É só isto e é simples. Em momento nenhum se fala em certezas inabaláveis, em verdades incontestadas ou absolutas.
Para mim, este texto é particularmente interessante e bastante ousado porque centra o essencial do catolicismo em três ou quatro conceitos básicos, e sendo um texto limpo de ruído percebemos como tantas questões fracturantes que ao longo dos tempos alimentam e entretêm não só a própria Igreja e os seus fieis, mas também a humanidade, são excêntricas ao core da mensagem cristã de salvação. Assim acaba por ser secundário ou diria mesmo irrelevante, ter dúvidas ou não, hesitar ou não, questionar ou não. Exemplos não faltam e poderia alongá-los para áreas, nomeadamente da moral sexual ou da reprodução, tão do agrado e tão bandeira de combate de alguns agnósticos, ateus, republicanos e laicos e, em contrapartida, com posições por vezes tão extremadas e tão radicais do lado dos fieis ou mesmo da própria Igreja.
13.3.07
Sacramentum Caritatis
Na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis (notícia aqui no Público, outra aqui na BBC, entre muitas), documento sobre o Sacramento da Eucaristia, é reafirmada a obrigatoriedade do celibato no clérigo, e reafirmada a exclusão da comunhão de católicos divorciados e casados de novo, católicos a viver em união de facto, nomeadamente casais homossexuais (valores não negociáveis, segundo Bento XVI). Este texto, embora não surpreenda nenhum católico, que finalmente (re)vê o já conhecido Cardeal Ratzinger, funcionará como um balde de água fria nos sectores católicos que esperam desde o fim do Concílio Vaticano II uma mudança gradual de algumas orientações de Roma no que diz respeito à moral privada dos católicos. Todo um sector que aguarda uma pequena abertura em relação ao celibato dos padres, uma flexibilidade em relação ao divórcio, contracepção, sabendo que assuntos como a ordenação das mulheres ou uniões de facto homossexuais ainda terão que esperar mais.
Este documento é muito importante no que tem de reafirmação e inflexibilidade no rumo da Igreja e deixará um amargo de boca em muitos sectores mais liberais que gostavam de sentir que, apesar de devagar, a Igreja se move. Bento XVI, inteligente teólogo, hábil político e defensor inequívoco da sua Igreja (no sentido lato) é, sem surpresas, reafirmo, intransigente nas polémicas questões da moral privada dos católicos que tanto os mantém afastados das Igrejas, e que tanta dissonância cria de cada vez que um Bispo ou um Padre ousa clara e abertamente afirmar a sua discordância em relação ao Papa. Não hão-de faltar polémicas em torno deste texto sobre a Eucaristia.
Ainda não li o texto todo disponível em Português aqui, mas, com tempo o farei.
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