Outra das características de 2008 foi o facto de se acentuarem os acordos e ajustes directos entre o governo e um determinado grupo de actividade de uma forma pouco transparente, mas de facto eficaz. São os recados que vão e vêm entre as direcções de informação dos diferentes e de comunicação social, as perguntas que se combinam (com a comunicação social) fazer aos políticos em determinadas circunstâncias, os horários que se modificam (Marcelo Rebelo de Sousa já só dispõe de 15 minutos para o seu comentário semanal de grande audiência), os alinhamentos que se sugerem, tudo num clima de conspiração e cumplicidades mútuas difíceis de perceber para um cidadão. Quem não alinha, quem não é cúmplice é acusado de levar a cabo uma campanha contra a pessoa do Primeiro-ministro ou do governo, como foi o caso do jornal Público. O Magalhães (dos prometidos 500 000 para serem distribuídos gratuitamente pelos alunos do 1º ciclo que, só para recordar, até agora só foram distribuídos 35 000) foi outro exemplo acabado de cumplicidades tecidas em ajuste directo, já para não falar da propaganda do governo/primeiro-ministro por algumas escolas do país, nem das sessões de vendas na cimeira Ibero-Americana deste ano.
Também foi o ano em que a dificuldade e mesmo a incapacidade de fazer reformas foi visível de forma mais destacada do que nos anos anteriores, em que a palavra reforma, hoje caída em esquecimento, era uma das palavras mais usadas, com orgulho deve dizer-se, pelo primeiro-ministro. Atente-se, por exemplo, ao caso da saúde: depois da mudança do ministro, e como que por milagre, nunca mais se ouviu uma queixa na área da saúde. De repente deixaram de morrer pessoas nas ambulâncias a caminho dos hospitais, as criancinhas parecem estar todas a nascer nos sítios certos, as distâncias das maternidades encurtaram-se e os inúmeros protestos populares ouvidos amiúde nas televisões acabaram. Só a Educação foi excepção, mas com um ano de eleições à porta e perante os primeiros sinais de cedência no final de 2008 é fácil prever que também nesta área a “reforma” se esfumará.
Também foi o ano em que a dificuldade e mesmo a incapacidade de fazer reformas foi visível de forma mais destacada do que nos anos anteriores, em que a palavra reforma, hoje caída em esquecimento, era uma das palavras mais usadas, com orgulho deve dizer-se, pelo primeiro-ministro. Atente-se, por exemplo, ao caso da saúde: depois da mudança do ministro, e como que por milagre, nunca mais se ouviu uma queixa na área da saúde. De repente deixaram de morrer pessoas nas ambulâncias a caminho dos hospitais, as criancinhas parecem estar todas a nascer nos sítios certos, as distâncias das maternidades encurtaram-se e os inúmeros protestos populares ouvidos amiúde nas televisões acabaram. Só a Educação foi excepção, mas com um ano de eleições à porta e perante os primeiros sinais de cedência no final de 2008 é fácil prever que também nesta área a “reforma” se esfumará.