Não há fome que não dê fartura, assim diz o provérbio popular. Depois de um Outono em que as escolhas cinematográficas me pareceram sempre poucas, segue-se um período de abundância em que todas as semanas estreiam filmes que me apetece ver. Haja oportunidade para os ver, e para aqui os anotar, pelo menos alguns.
Devo ser um caso único, mas o filme “O Estranho Caso de Benjamin Button” não me comoveu nem me entusiasmou. A aparente originalidade de nascer velho e morrer novo não me pareceu mais do que a figuração invertida (e muito pouco prática) da realidade cíclica que é sempre a vida, e pareceu pouco mais do que um pretexto para fazer caracterização, efeitos visuais e explorar as capacidades do actor, que se revela competente mas sem deslumbrar. Tem ingredientes para ganhar Óscares, mas pareceu-me um filme incapaz de superar o óbvio e por isso não o catalogo como um dos melhores filmes do ano. O que de mais simpático retenho deste filme são as personagens secundárias: Queenie a mãe no seu simpático lar de idosos, e sobretudo o capitão Mike no seu Chelsea, bem Elisabeth Abbott a aristocrata, uma Tilda Swinton muito convincente que parece actuar como quem respira. Aliás é neste período no mar e durante a guerra, no Chelsea, em que Benjamin começa a descobrir o mundo que o filme atinge o pico de densidade, vida e propósito, pois conta com as personagens mais densas, vividas e peculiares; até Benjamin com o seu olhar deslumbrado e a consequente perda de inocência se revela interessante por uma vez. Cate Blanchett pareceu-me uma sombra da grande actriz que é e a sua personagem é plana e pouco interessante, nomeadamente velha no seu leito da morte quando olha para a vida e a conta à filha numa confissão pouco verosímil. Posso dizer o mesmo em relação a Brad Pitt, que me pareceu muito melhor em Babel, por exemplo. Ser um bom actor não passa só por ter a caracterização e maquilhagem certas, não são só as camadas que se põe por fora que têm que bater certo, a respiração certa, a alma têm que lá estar e o olhar também.
Devo ser um caso único, mas o filme “O Estranho Caso de Benjamin Button” não me comoveu nem me entusiasmou. A aparente originalidade de nascer velho e morrer novo não me pareceu mais do que a figuração invertida (e muito pouco prática) da realidade cíclica que é sempre a vida, e pareceu pouco mais do que um pretexto para fazer caracterização, efeitos visuais e explorar as capacidades do actor, que se revela competente mas sem deslumbrar. Tem ingredientes para ganhar Óscares, mas pareceu-me um filme incapaz de superar o óbvio e por isso não o catalogo como um dos melhores filmes do ano. O que de mais simpático retenho deste filme são as personagens secundárias: Queenie a mãe no seu simpático lar de idosos, e sobretudo o capitão Mike no seu Chelsea, bem Elisabeth Abbott a aristocrata, uma Tilda Swinton muito convincente que parece actuar como quem respira. Aliás é neste período no mar e durante a guerra, no Chelsea, em que Benjamin começa a descobrir o mundo que o filme atinge o pico de densidade, vida e propósito, pois conta com as personagens mais densas, vividas e peculiares; até Benjamin com o seu olhar deslumbrado e a consequente perda de inocência se revela interessante por uma vez. Cate Blanchett pareceu-me uma sombra da grande actriz que é e a sua personagem é plana e pouco interessante, nomeadamente velha no seu leito da morte quando olha para a vida e a conta à filha numa confissão pouco verosímil. Posso dizer o mesmo em relação a Brad Pitt, que me pareceu muito melhor em Babel, por exemplo. Ser um bom actor não passa só por ter a caracterização e maquilhagem certas, não são só as camadas que se põe por fora que têm que bater certo, a respiração certa, a alma têm que lá estar e o olhar também.